O governo brasileiro manifestou forte descontentamento com as novas tarifas de 10% impostas pelos Estados Unidos sobre diversos produtos de exportação, incluindo itens agroindustriais. A medida, anunciada como parte da nova política comercial do presidente Donald Trump, pegou o Itamaraty e o Ministério da Fazenda de surpresa, reacendendo tensões diplomáticas entre os dois países.
Impacto em Produtos Sensíveis
Embora o foco da medida seja a China, a União Europeia e outros países asiáticos, o Brasil entrou na lista de países afetados pelas tarifas generalizadas. Produtos como café, carne industrializada, frutas processadas e aço serão diretamente impactados, o que preocupa setores exportadores e entidades representativas.
Fontes próximas ao Ministério da Fazenda indicam que o Brasil estuda apresentar uma denúncia formal à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação dos princípios de não discriminação e previsibilidade comercial. Também é considerada a adoção de medidas de reciprocidade caso os prejuízos se concretizem.
Tensão em Acordos Comerciais
A medida dos EUA compromete o andamento de negociações bilaterais e multilaterais em curso. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) vê o momento como “delicado” para tratados com países da América do Norte e teme contágio nas negociações entre Mercosul e outras regiões.
Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a CNA pressionam o governo por uma resposta rápida. Empresários alertam que o aumento dos custos e a perda de competitividade nos Estados Unidos podem gerar desemprego, redução nas exportações e fechamento de contratos de longo prazo.
Dólar em Alta e Volatilidade no Mercado
A notícia gerou turbulência no mercado cambial. O dólar saltou para R$ 5,24, maior cotação em dois meses, enquanto a B3 operou em queda de 1,7% na sessão seguinte ao anúncio. A valorização da moeda americana, embora beneficie exportações, pressiona importações e aumenta o custo dos insumos industriais.
A Organização Mundial do Comércio acompanha com atenção os desdobramentos. A entidade já havia alertado sobre o aumento de medidas unilaterais por grandes economias. Caso o Brasil leve o caso à OMC, o processo pode reacender o debate sobre a eficácia do organismo frente a violações comerciais de países desenvolvidos.
No Congresso Nacional, parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária cobraram ação imediata do Executivo. Já líderes da oposição acusaram o governo de falta de estratégia comercial e de dependência excessiva de poucos mercados.
Diplomacia em Curso
Enquanto avalia os caminhos legais, o Itamaraty tenta dialogar com autoridades norte-americanas para negociar exceções tarifárias para determinados produtos. No entanto, fontes diplomáticas admitem que a pressão política interna nos EUA pode dificultar qualquer flexibilização no curto prazo.
As novas tarifas impostas pelos EUA representam mais do que uma barreira econômica — são um teste à capacidade do Brasil de proteger seus interesses no comércio internacional. A resposta exigirá firmeza diplomática, articulação multilateral e agilidade política para defender a indústria nacional e manter o país competitivo em um cenário global cada vez mais turbulento.
Fontes: Ministério da Fazenda, Itamaraty, Valor Econômico, CNN Brasil, CNI, CNA, OMC, Folha de S.Paulo