Depois da catástrofe climática que quebrou boa parte da última safra de soja e milho dos EUA, uma nova temporada é iniciada no país e as perspectivas, até este momento, são bastante positivas. A área deverá ser maior – depois da impossibilidade de plantio em milhões de hectares na temporada 2019/20 por conta do excesso de chuvas, neve, cheias e encharcamento de solo – e o clima, salvo pequenas áreas que sofrem com alguma adversidade, favorece o início dos trabalhos de campo 2020/21.
Novas estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) serão reportadas nesta terça-feira, 12 de maio, no novo boletim mensal de oferta e demanda e números fortes são esperados para as colheitas tanto da oleaginosa, quanto do cereal.
Produção
A produção norte-americana de milho deverá ficar entre 346,02 e 405,41 milhões de toneladas, com média de 396,49 milhões de toneladas. Na temporada anterior, a colheita do cereal foi de 347,8 milhões de toneladas. Sobre a soja, as expectativas são de 96,83 a 116,81 milhões de toneladas, com média de 112,13 milhões de toneladas. Na safra 2019/20, a colheita da oleaginosa foi de 96,83 milhões de toneladas.
Estoques Finais
Dessa forma, o mercado deverá receber ainda projeções elevadas também para os estoques finais norte-americanos de ambas as culturas, as quais também chegam neste novo boletim.
Os estoques finais da safra 2020/21 de milho têm média esperada de 86,44 milhões de toneladas, com projeções entre 66,53 e 99,07 milhões de toneladas. Para a soja, a média esperada é de 12,3 milhões de toneladas, em um intervalo de 8,14 a 18,59 milhões de toneladas.
Impactos
Confirmados, os números poderiam exercer uma nova rodada de pressão sobre as cotações tanto da soja, quanto do milho na Bolsa de Chicago, segundo acreditam analistas e consultores. Afinal, volumes tão elevados deverão chegar ao mercado em um cenário agravado pelas preocupações com os efeitos do pandemia do novo coronavírus.
Para o milho, principalmente, a situação é de severa pressão sobre as cotações internacionais, uma vez que um terço da produção norte-americana é destinada à produção de etanol e o setor amarga uma combinação de drástica redução da demanda e baixos preços do petróleo.
No caso da soja, há pressão da demanda menor no setor de biodiesel nos EUA – assim como acontece no Brasil, onde já se observa uma revisão para baixo no esmagamento brasileiro da oleaginosa – porém, há uma perspectiva de melhor demanda por parte da China no mervado norte-americano.
A nação asiática ainda precisa comprar de 40 a 43 milhões de toneladas de soja para concluir seu abastecimento até o final deste ano – estando comprada até meados de agosto – e deste volume, boa parte deverá ser adquirida nos Estados Unidos.
Além da safra 2019/20 do Brasil já estar mais de 80% comercializada, a competitividade do produto norte-americano começa a crescer, ser maior do que a brasileira e atrai os compradores. Mais do que isso, a necessidade de cumprimento da fase um do acordo comercial entre China e EUA também é combustível para que a nação asiática olhe mais para a commodity americana.
Dólar
Enquanto tudo isso acontece, o produtor brasileiro – que vende em reais por saca – continua sendo favorecido pelo colchão construído pela valorização do dólar frente ao real. Nesta segunda-feira, a moeda americana registrou sua segunda maior da história e encerrou o dia valendo R$ 5,82.
As perspectivas é que a estabilidade para a divisa ainda demore a chegar e a há especialistas, inclusive, que apostam em um dólar na casa dos R$ 6,00 podendo trazer negócios ainda mais oportunos para o produtor brasileiro.
Assim, mais uma vez analistas e consultores voltam a afirmam que o Brasil, entre os 30 maiores produtores agrícolas do mundo, conta com a maior desvalorização de sua moeda e que este tem sido o principal combustível para valores historicamente remuneradore. Os grandes diferenciais para bons negócios continuam sendo gestão, operações estruturadas, na mesma moeda, e visão.
Há sojicultores, meus amigos, vendendo, acreditem se quiserem, SOJA 2022.
Por Carlas Mendes