Cenario Rural

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Setor bioenergético mato-grossense aposta na irrigação por gotejamento para verticalizar produtividade da cana-de-açúcar

O Estado do Mato Grosso registrou recorde de produção na safra 2023/24. Dados da Bioind MT (Indústrias de Bioenergia do Mato Grosso) apontam para uma moagem de 17,65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de 10,6% em relação ao ciclo anterior.

Com esse processamento, Mato Grosso alcança a sétima posição no ranking de maiores produtores nacionais.

Porém, quando o assunto é produtividade agrícola, o Estado aparece na vice-liderança. Com uma média de 90,9 ton/ha na safra 2023/24, fica atrás apenas de São Paulo, que registrou 93,7 ton/ha no ciclo passado. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A cultura dos produtores da região pode explicar esses números. Embora possua pouca tradição no cultivo de cana-de-açúcar, o Estado do Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, respondendo sozinho por quase 25% da produção brasileira de milho e por 27%, de soja.

E uma das principais características desses produtores é o investimento na lavoura, especialmente nas operações que envolvam a melhoria da fertilidade dos solos.

“Aquele costume canavieiro de reduzir a adubação pensando em economizar não passa pela mente dos produtores mato-grossenses.

Pelo contrário. O uso de alta tecnologia para aumento de produtividade agrícola é uma prática tão arraigada no Estado, que acabou sendo transferida para o cultivo de cana-de-açúcar”, explica o especialista agronômico da Netafim, Daniel Pedroso.

Daniel Pedroso: “Aquele costume canavieiro de reduzir a adubação pensando em economizar não passa pela mente dos produtores mato-grossenses”

A irrigação tecnificada, por exemplo, vem sendo expandida nos canaviais do Estado. Dentre as modalidades, a que mais cresce é o gotejamento, pela capacidade de entregar as quantidades ideais de recursos hídricos de acordo com as fases do cultivo, no momento certo e diretamente na raiz da planta, maximizando o rendimento e a economia. A ferramenta ainda permite a aplicação de moléculas químicas e orgânicas e produtos biológicos através dos mesmos equipamentos de injeção de água.

Centenas de produtores e usinas pelo país já usufruem dos diversos benefícios da tecnologia de gotejamento da Netafim, que incluem incremento de produtividade, aumento da longevidade das áreas, estabilidade na produção, maior eficiência no uso da água, elevação da cogeração de energia, diminuição da necessidade de ampliação de área ou novos arrendamentos, redução dos gastos com CTT (Corte, Transbordo e Transporte) e melhoria da pontuação no RenovaBio e, consequentemente, maior geração de Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Uisa inicia projeto de irrigação plena para mitigar 800 mm de déficit hídrico de seus canaviais de final de safra

Embora esteja localizada em uma região com potencial produtivo 20% maior do que Ribeirão Preto/SP, a Uisa, de Nova Olímpia/MT, enfrenta dificuldades para elevar a produtividade agrícola de seus canaviais colhidos no trecho final da safra. O motivo é o alto déficit hídrico que ocorre durante os meses de outono e inverno.

Segundo Matheus Vinícius Rodrigues, gerente de biotecnologia da empresa, mesmo com a adoção de diferentes práticas – como plantel moderno, matriz do terceiro eixo e irrigação de salvamento – não é possível resgatar a produtividade dessas áreas.

Pivô e gotejamento subsuperficial se dividem pelas áreas do projeto, suprindo de 70% a 80% do déficit hídrico da cultura e aumentando a produtividade agrícola de 35 ton/ha a 60 ton/ha

Foto: Divulgação Uisa

“Para contornar esse cenário, iniciamos há três anos um projeto de irrigação plena, visando mitigar o estresse sofrido pelas canas de final de safra, que por causa de um déficit hídrico acumulado de 800 mm, vem entregando médias de produtividade agrícola de apenas 50 ton/ha”.

Atualmente com 1000 hectares, o projeto se encontra em fase de testes. Uma vez validado, a expectativa da usina é expandir a prática para mais 4000 hectares dentro dos próximos cinco anos.

“Até o momento, já identificamos alguns pontos de melhoria, como a questão varietal e de fertilidade do solo. Além disso, estamos monitorando as áreas a fim de descobrir a melhor modalidade e o tamanho e a frequência ideais das lâminas.”

Uisa está localizada em uma região com potencial produtivo 20% maior do que Ribeirão Preto/SP. No entanto, alto déficit hídrico impede obtenção de melhores produtividades

Fonte: CANAC

Pivô e gotejamento subsuperficial se dividem pelas áreas do projeto, suprindo de 70% a 80% do déficit hídrico da cultura e aumentando a produtividade agrícola de 35 ton/ha a 60 ton/ha. “Não temos ainda nenhum trabalho conclusivo sobre qual a melhor modalidade. Porém, como estamos lidando com uma cana de final de safra, que tem alta demanda de irrigação por vários meses consecutivos, além de um índice de área foliar muito alto, o gotejamento vem se mostrando mais eficiente, principalmente pelo fato de aplicar água diretamente na região radicular. Sem falar que o recurso hídrico é mais bem aproveitado, já que o pivô utiliza lâminas maiores para suprir a mesma demanda hídrica”, relata Rodrigues.

Fazenda no MT instala 420 hectares de gotejamento em cana-de-açúcar

A fim de verticalizar a produção de seus canaviais, a Fazenda Irmãos Garcia, de Campo Novo do Parecis/MT, iniciou um projeto de irrigação por gotejamento subsuperficial em 2023. Em parceria com a Netafim, o projeto compreende 420 hectares de canaviais. A estrutura completa conta com uma casa de bombas e um reservatório com capacidade para 70 mil litros de água ou vinhaça.

Melhora no desenvolvimento dos colmos é visível em área que recebeu a tecnologia de gotejamento da Netafim


Foto: Divulgação Fazenda Irmãos Garcia

Coordenador de irrigação na propriedade, Elton Felipe da Silva Santos conta que a média de produtividade agrícola nessa área foi de 177 toneladas por hectare. Diante desses números, a expectativa dos proprietários é expandir a área gotejada para mais 200 hectares num futuro próximo.

Expertise não falta. Fornecedora da Usina COPRODIA (Cooperativa Agrícola de Produtores de Cana de Campo Novo do Parecis Ltda.), a Fazenda Irmãos Garcia possui centenas de hectares fertirrigados com vinhaça (lâmina de salvamento). Futuramente, essa prática também deve ser estendida para as áreas de gotejamento.

Para essa operação, a Netafim recomenda uma taxa de vazão de 95% de água e 5% de vinhaça, já que o resíduo é rico em ferro e sólidos e poderia prejudicar o sistema de gotejamento em caso de volumes maiores.

No entanto, a empresa afirma que essa quantidade é suficiente para atender a demanda de K2O da cultura, uma vez que a tecnologia permite aplicar vinhaça ao longo de todo o ciclo e não tudo de uma vez.

Atualmente, existem usinas que fazem aplicação diária com vazão abaixo de 1%, enquanto outras utilizam o sistema mensal ou quinzenalmente. Tudo dependerá da quantidade de quilos de K2O por metro cúbico de vinhaça e das necessidades da planta.

 

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