Atlas Mundial da Seca revela panorama alarmante para o campo e exige resposta urgente em inovação hídrica e práticas regenerativas.
COP16 e o Alerta Global Sobre Água
Durante a COP16 sobre Água e Terras, realizada na Arábia Saudita, especialistas de mais de 100 países apresentaram o novo Atlas Mundial da Seca. O relatório aponta que, se nenhuma medida urgente for adotada, cerca de 75% da população mundial poderá viver sob condições severas de seca até 2050 — com impactos devastadores sobre a segurança alimentar global.
A agricultura responde por cerca de 70% do uso da água doce no mundo. Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, colapsos de safras, degradação de solos e perda de produtividade já são realidade em países da Ásia, África, América Latina e sul da Europa.
Necessidade de Sistemas de Alerta e Planejamento Hídrico
O relatório reforça a urgência de expandir os sistemas de alerta precoce, gestão de bacias hidrográficas e estratégias de conservação de umidade no solo. Países como Israel, Chile e Marrocos têm sido exemplos na revalorização da água por meio de reuso, dessalinização e irrigação inteligente.
A adoção de práticas de agricultura regenerativa — como rotação de culturas, sombreamento natural, cobertura vegetal e integração lavoura-pecuária-floresta — pode aumentar a resiliência do solo e reduzir a demanda hídrica. Essas práticas também colaboram para mitigar emissões de carbono.
América Latina: Zona de Risco e Potencial
Regiões como o semiárido brasileiro, o Chaco paraguaio e os vales peruanos estão entre as mais ameaçadas pela seca prolongada. Ao mesmo tempo, a região tem grande potencial para se tornar referência global em inovação climática se houver investimentos em educação, bioeconomia e políticas integradas.
A Seca Não É Episódica, É Estrutural
A crise hídrica é a maior ameaça à agricultura neste século. Sem gestão adaptativa e regeneração dos sistemas produtivos, a escassez de água pode colapsar a segurança alimentar antes mesmo do fim das mudanças climáticas.
Fontes: UNCCD, Atlas Mundial da Seca, COP16, FAO, IPCC, El País, Water Footprint Network, Reuters, The Nature Conservancy