No dia 15 de outubro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres Rurais, e no início do mês, o Governo Federal lançou a Campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos, dando visibilidade as iniciativas transformadoras que ajudam a mudar a vida de mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes que vivem e trabalham em um contexto de desigualdades estruturais e desafios sociais, econômicos e ambientais. A campanha é uma iniciativa conjunta de âmbito internacional, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil.
Este é o 5º ano da campanha e entre as ações que integram a programação estão à identificação e difusão de mulheres rurais promotoras da alimentação saudável, guardiãs da terra, líderes e empreendedoras, com base em três eixos principais: direitos e autonomia econômica; papel produtivo em sistemas agroalimentares; redução de lacunas e uma vida livre de violência.
Na América Latina e Caribe, mais de 60 milhões de mulheres vivem em territórios rurais e entre elas no Tocantins a história da agricultora familiar, Vayrene Milhomem da Silva ganhou destaque e repercussão ao ser publicada no site da FAO, no último dia 09 do corrente mês.
“Eu me sinto honrada e agradecida por representar todas as mulheres rurais do estado do Tocantins. O reconhecimento nacional e internacional vem depois de 20 anos de muito trabalho e dedicação. As palavras me faltam para poder expressar a minha gratidão. A equipe da Seagro sempre nos ajudou e tem nos auxiliado em como fazer um trabalho cada dia melhor e mais produtivo. Minha família está numa alegria só”, declarou após ser questionada de como se sentia ao ver sua história sendo escolhida pelo FAO.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) por meio do suporte da Gerência de Fomento à Agroindústria, foram grandes parceiras para a adequação de registro sanitário e planta industrial, sendo essenciais para a concretização e a regularização sanitária da empresa de Vayrene. Para o secretário da Seagro e presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), Thiago Dourado, a história da produtora é a resposta do trabalho sério e comprometido do governo “O nosso apoio está não só apenas em incentivar que os pequenos produtores produzam mais, nossa real contribuição é mostrar os caminhos que permitem que produtores realizem projetos pessoais que geram transformação de vida e impactam positivamente na comunidade”, destacou Thiago.
O gestor reforçou que diversas parcerias e projetos de incentivo estão em andamento para fortalecer cada vez mais os direitos e o protagonismo da mulher no campo. O reconhecimento da trajetória de Vayrene Milhomem da Silva demonstra que “o Tocantins ainda tem muitas histórias de superação construída com determinação aliado ao conhecimento”, pontuou.
História
Vayrene Milhomem da Silva é agricultora familiar e herdou de seus pais agricultores, há vinte anos, 135,5 hectares de terra. Hoje, a propriedade é conhecida como Fazenda São Jorge, e fica no município de Barrolândia, Tocantins. Antes de ser produtora, ela era comerciante, tinha um mercado local. Entretanto, desde que recebeu sua herança, se fixou no campo de onde não saiu desde então.
Com muita dedicação, conseguiu construir uma agroindústria, a Font’Fruit Polpas Naturais. A empresa é administrada pela família, que hoje é responsável por todo o trabalho, desde a produção e processamento até a comercialização em feiras livres de produtores, entregas domiciliares e em mercados institucionais. Entre os programas que apoiam o desenvolvimento da atividade de Vayrene, estão o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A Secretaria Municipal de Agricultura de Barrolândia e a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura do estado, esta última, por meio do suporte da Gerência de Fomento à Agroindústria, foram grandes parceiras para a adequação de registro sanitário e planta industrial, sendo essenciais para a concretização e a regularização sanitária da empresa.
A ideia de trabalhar com processamento de frutas e frutos nativos surgiu porque a região de cerrado, onde está localizada a fazenda de dona Vayrene, é rica em frutos naturais de sabores exóticos e muito apreciados pelos consumidores. Além de serem nutracêuticos em sua maioria, como é o caso do buriti, murici, pequi, cagaita, araçá-boi e tamarindo.
A fazenda São Jorge produz banana e acerola, além de goiaba e manga. Entre outras atividades da propriedade também estão o extrativismo sustentável de pequi, cajuí, cagaita etc. O que não falta são árvores frutíferas do cerrado na propriedade.
Superando os desafios
Para alcançar seu sonho, Vayrene passou por muitas dificuldades. No início, apesar de ter toda a riqueza natural, ainda faltava capital para investir. Com o passar do tempo, ela comprou uma despolpadeira de frutas e começou a processar frutos nativos de sua propriedade, depois, a cada dois meses, comprava um bezerro com o propósito de, com o dinheiro da venda futura, começar a construir a agroindústria.
Com o primeiro dinheiro da venda dos bezerros, construíram a sede da indústria e, aos poucos, equiparam e melhoraram a estrutura da unidade de processamento.
Neste ano, em meados de maio, o tão esperado sonho de obter uma agroindústria registrada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi alcançado. Hoje conseguem realizar o processamento de uma grande quantidade de polpas: goiaba, mangaba, manga, acerola, caju, buriti, araçá-boi, tamarindo, murici, pequi, cagaita, cupuaçu, abacaxi, graviola e maracujá.
Fortalecendo o desenvolvimento rural
Muitas das mulheres rurais da região de Barrolândia, em Tocantins, assim como dona Vayrene, realizam o extrativismo sustentável de frutos do cerrado. Ao ser questionada sobre seus sonhos, ela conta que “deseja ver as mulheres rurais e famílias de sua região como vencedoras dos desafios da produção agrícola e extrativista”.
Atualmente, com o objetivo de ser um bom exemplo de determinação e perseverança para outras produtoras, é tesoureira na Associação dos Produtores Rurais e Gastronômicos de Paraíso-TO (AFEIPAR), a qual conta com 45 associados.
E mesmo com tantas realizações, a produtora não pretende parar de evoluir seu negócio. O objetivo é aumentar a área agricultável de sua propriedade, que hoje é de 1,5 alqueires. “Vamos introduzir o sistema de irrigação e técnicas de produção que viabilizem a maior produtividade”, conta Vayrene. Ela tem esperança de que haja, cada vez mais, incentivos por meio de políticas públicas adequadas e que viabilizem tanto a sua produção quanto das famílias agrícolas e extrativistas da região onde mora.
Covid-19
Mesmo em um momento ímpar da história recente, com a pandemia de Covid-19, Vayrene não deixa de buscar parcerias e incentivar o consumo de seus produtos. Entretanto, tem enfrentado grandes dificuldades para vender as polpas de frutas, pois a produção dos frutos do cerrado e a agrícola continuou a mesma.
Assim, como forma de apoiar e gerar alternativa, o Ruraltins (Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins) disponibilizou uma rede de delivery para divulgar os produtos e garantir mais venda. Dessa forma, contribuiu para a manutenção da renda e o sustento digno da família Milhomem e de muitas outras na região.
15 dias de iniciativas inspiradoras
A história de Vayrene Milhomem da Silva, foi enviada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura de Tocantins (SEAGRO/TO), e faz parte da ação “15 dias de iniciativas transformadoras”, parte da campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos.
Durante os próximos dias, outras organizações parceiras da campanha irão compartilhar histórias de mulheres rurais promotoras da alimentação saudável, guardiãs da terra, líderes e empreendedoras, com base em três eixos principais: direitos e autonomia econômica; papel produtivo em sistemas agroalimentares; redução de lacunas e uma vida livre de violência. No dia 15 de outubro, encerra-se a ação com a celebração do Dia Internacional das Mulheres Rurais.
Fonte:Seagro