Alta dos preços de alimentos básicos pressiona o bolso da população e desafia estratégias do governo para controle inflacionário. Clima, logística e demanda internacional estão entre os fatores por trás da alta.
IPCA-15 Sobe 0,43% em Abril: Cenário Confirma Tendência de Pressão Alimentar
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia oficial da inflação, registrou alta de 0,43% em abril, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (24). O resultado marca uma leve aceleração frente ao 0,36% de março e reforça a tendência de que os alimentos continuam como os principais vetores de pressão inflacionária no país.
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 soma 4,16%, ligeiramente acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central para o ano, que é de 3,00% com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Grupo Alimentação e Bebidas Tem o Maior Peso
A maior contribuição para o índice veio do grupo “Alimentação e Bebidas”, que avançou 0,81% no mês. Entre os destaques de alta estão:
- Tomate: +17,87%
- Batata-inglesa: +8,33%
- Leite longa vida: +2,42%
- Carnes: +1,95%
A alta foi atribuída a uma combinação de fatores, como menor oferta por causa de eventos climáticos adversos, aumento dos custos logísticos e efeito do câmbio sobre itens importados da cesta básica, como trigo e derivados.
Habitação e Transportes Também Sobem, Mas em Ritmo Menor
O grupo Habitação subiu 0,34%, com destaque para o gás encanado (+1,88%) e energia elétrica residencial (+0,41%). Já Transportes teve leve alta de 0,15%, impulsionado pela gasolina (+0,22%) e passagens aéreas (+1,35%).
No entanto, itens como etanol (-1,14%) e transporte por aplicativo (-2,18%) ajudaram a conter uma alta mais expressiva neste grupo.
Impacto nas Famílias e Sinal de Alerta para o Banco Central
A pressão inflacionária sobre os alimentos tem impacto direto sobre as famílias de baixa renda, que destinam parcela maior da renda ao consumo de itens básicos. Economistas alertam que esse tipo de inflação é mais sensível social e politicamente, podendo afetar a popularidade do governo e as discussões em torno de programas sociais.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acompanha com atenção os dados de abril. Embora o núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) esteja mais comportado, a alta persistente dos alimentos pode atrasar novos cortes da taxa básica de juros, atualmente em 10,75% ao ano.
Inflação Controlada, Mas com Focos de Pressão Persistentes
A prévia inflacionária de abril mostra que, embora o Brasil siga fora de um cenário de descontrole, há núcleos de pressão que exigem atenção especial — sobretudo nos alimentos. A combinação de clima instável, custo logístico elevado e incertezas cambiais continua a influenciar os preços.
Para os próximos meses, a expectativa é de que a colheita da safra de grãos e a entrada de hortaliças da meia-estação ajudem a reduzir parte da pressão, mas o comportamento do clima e dos combustíveis seguirá como fator determinante.
Fontes: IBGE, Banco Central, Valor Econômico, Broadcast, G1 Economia