Há semana se comentam os históricos preços da soja no mercado brasileiro. A disparada do dólar e patamares acima dos R$ 5,70 criaram os melhores cenários de todos os tempos para os produtores do Brasil e, somente na última semana, foram vendidos pelo país 26 cargos da oleaginosa. Enquanto isso, como caminham os preços do milho no Brasil?
No início do ano, os valores do cereal alcançaram patamares bastante importantes, superaram os R$ 60,00 por saca em algumas importantes regiões produtoras e na sequência vieram recuando, observando, principalmente, boas persperctivas para a segunda safra nacional e algumas incertezas em torno da demanda. Assim, os valores voltaram a atuar na casa dos R$ 40,00, testando valores ainda abaixo disso em algumas regiões.
No horizonte de consumo, as preocupações começaram a se acentuar diante das dificuldades causadas pela pandemia do coronavírus. Os compradores estiveram – e estão – mais retraídos no setor do etanol, diante de um agressivo recuo de demanda no setor de combustíveis de uma forma geral e também do setor de proteínas animais.
Números da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho) mostram que há uma baixa de aproximadamente 35% na demanda por biocombustíveis no Brasil em função das paralisações e isolamentos sociais. Apesar de não ter parado completamente, o processamento reduziu o ritmo de suas atividades e, por isso, já se espera que o volume do cereal processado para a produção do combustível fique em 6 milhões de toneladas, menor do que as inicialmente estimadas 7 milhões.
Entre os granjeiros, a demanda também se desaqueceu. O consumo interno de carnes bovina e suína, principalmente, vem caindo em meio à pandemia e, apesar de um bom ritmo das exportações, já demanda menos do cereal. Na produção de frango, a produção brasileira pode vir a ser menor diante da perda do poder de compra dos avicultores.
Os custos de produção para os granjeiros estão muito elevados diante dos altos preços não só do milho, mas também do farelo de soja – com a vantagem cambial favorecendo as exportações e ajudando a promover valores mais altos – e começam a estreitar cada vez as margens do setor.
Baseando neste cenário, um levantamento do Cepea mostrou que entre 17 e 24 de abril, o indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) caiu 7,6% para R$ 47,60 por saca. E apesar das baixas, os preços ainda seguem altos e remuneradores para os produtores do cereal.
Da mesma forma, o mercado olha também para o desenvolvimento da safrinha. Alguns estados importantes já temem perdas de produtividade pelo plantio de parte de suas lavouras fora da janela ideal, como Mato Grosso do Sul e Paraná, por exemplo.
Até este momento, segundo analistas, as possíveis perdas ainda são insuficientes para promover uma retomada das cotações. Será necessário acompanhar o desenvolvimento da safrinha – que já está mais de 60% comercializada – para que seja conhecido seu real impacto sobre os preços do grão.
Ao lado de todos estes fatores, pesa ainda a volatilidade intensa do dólar, a movimentação das cotações na Bolsa de Chicago – que também carrega tendência de baixa, com os preços podendo testar patamares abaixo dos US$ 3,00 por bushel – e nas exportações, que deverão ganhar mais ritmo somente no segundo semestre.
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