Em audiência com o governador do Paraná, Carlos Massa Júnior, no dia 7 de outubro, o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, entregou um relatório técnico referente ao programa Tarifa Rural Noturna. O benefício permite que os produtores paranaenses, envolvidos nas mais diversas cadeias produtivas, como avicultura, suinocultura, bovinoculturas de leite e corte, fumicultura, aquicultura e sericultura, tenham o desconto de 60% na tarifa para consumo rural no horário entre 21h30 e 6 horas. Essas atividades intensivas exigem o uso da energia elétrica de forma ininterrupta.
De acordo com o material técnico desenvolvido pelo Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, a Tarifa Rural Noturna atinge 77,5 mil produtores rurais e mais de 1 milhão de pessoas, considerando a contratação de 2,3 funcionários por propriedade, sendo as famílias compostas, em média, por seis pessoas. Esse cálculo realizado pela FAEP considera como exemplo a avicultura em Cianorte, município da região Noroeste do Paraná.
Ainda, o material técnico destaca a importância que as atividades rurais que são beneficiadas pelo programa estadual têm para a economia paranaense. Considerando cinco destas cadeias – avicultura, suinocultura, bovinocultura de leite, fumicultura e aquicultura -, a contribuição para o Valor Bruto de Produção (VBP) chega a R$ 36,6 bilhões, 37,3% do total produzido pelo Paraná.
“A Tarifa Rural Noturna vai muito além de um simples desconto na energia elétrica. É um programa importante para o campo, para os produtores, para os trabalhadores e também para a economia do Estado. A continuidade é fundamental para o setor”, destaca Meneguette, considerando que a renovação do benefício acontece de forma anual, desde a sua criação em 2007, por meio da Lei Estadual 19.812. “O governador foi bastante suscetível às nossas ponderações, ainda mais que ele sabe da importância do setor agropecuária para a economia paranaense”, acrescenta.
Na avicultura, por exemplo, a energia elétrica é um dos principais insumos da produção de carne de frango, podendo representar 20% do custo de produção. O controle da ambiência o aviário é realizado de forma ininterrupta, 24 horas por dia, sete dias por semana. O mesmo ocorre na pecuária de leite, atividade presente nos 399 municípios do Estado, que tem na energia elétrica os principais custos. “Sempre estamos batendo na tecla do custo de produção. A energia elétrica é um insumo importante para o campo, podendo chegar a comprometer em algumas atividades”, acrescenta o presidente da FAEP.
Mudança de matriz
O governo estadual tem um projeto de incentivo para instalação de usinas solares no meio rural, o que baratearia o preço da energia, além de contribuir para a sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Além disso, o uso de energia solar (fotovoltaica) seria uma garantia a mais de fornecimento ininterrupto para os produtores rurais, que convivem com queda no fornecimento de eletricidade (causada por falhas na distribuição), o que gera prejuízos severos.
“A FAEP é totalmente a favor da substituição da matriz, até por ser mais limpa e com fornecimento mais seguro. Apenas entendemos que é preciso um período de carência para tirar o subsídio da Tarifa Rural Noturna. É preciso fazer um estudo técnico para definir qual o prazo, em anos, para que os produtores possam migrar para energia solar. Isso porque precisamos levar em conta que o investimento inicial é alto para o produtor”, aponta Meneguette.
A energia fotovoltaica é uma alternativa interessante para os produtores rurais, como aponta um outro estudo realizado pelo DTE da FAEP. Na última década, uma série de fatores, como novas legislações, barateamento de equipamentos e até mesmo o aumento no preço da energia elétrica, tornou a energia solar uma opção bastante atrativa.
Para comprovar isso, o material técnico analisou os cenários da avicultura e a bovinocultura de leite, do ponto de vista do consumo energético. No caso da avicultura, considerando um consumo mensal de dois galpões de 2.560 m² cada e capacidade para alojamento de 66,5 mil aves, a fatura de energia é de R$ 8.299 para o consumo mensal de 21.279 kWh (considerando a tarifa de R$ 0,39 por kWh consumido).
Assim, de acordo com a simulação, o tempo de retorno do investimento de R$ 1 milhão é de sete anos. Dali para frente, o saldo positivo passa a ser crescente por mais 18 anos, considerando a durabilidade do equipamento, que é de 25 anos. Ou seja, após pagar o investimento, o produtor ainda teria 18 anos de energia quase de graça (quase, pois ainda existe uma taxa referente ao custo de disponibilidade do sistema que deve ser paga mensalmente, independentemente do consumo. Isso ocorre quando o produtor está conectado à rede da distribuidora).
No caso da bovinocultura leiteira, o modelo utilizado no cálculo é o de uma propriedade com 74 animais, sendo 60 em lactação, e um consumo médio de 3.050 kWh (R$ 1.189). Neste caso, o tempo de retorno do investimento foi menor, apenas cinco anos. O material elaborado pelo DTE da FAEP identificou as principais linhas de crédito e instituições financeiras que podem financiar este tipo de equipamento. No total, foram mapeadas 41 linhas de crédito diferentes (confira a planilha completa). As taxas mais baixas giram em torno de 4% e 6% ao ano.
Fonte: CNA Brasil