O grande desafio para aceleradoras e o mercado de inovação hoje é encontrar pessoas dispostas e motivadas a se dedicar integralmente ao estudo de novas ideias, segundo o CEO da Cyklo Agritech e consultor e especialista no desenvolvimento de startups, Pompeo Scola. Devido às mudanças no comportamento social a alta carga tributária e insegurança jurídica no Brasil, esse foco exclusivo está se tornando cada vez mais raro, o que dificulta o surgimento de novos unicórnios, ou seja, startups que alcançam uma valorização de mercado de US$ 1 bilhão sem estar na bolsa.
Adicionalmente, o Brasil enfrenta problemas estruturais que prejudicam o desenvolvimento da inovação, especialmente no setor financeiro. Muitas pessoas trabalham mais de 40 horas semanais para pagar as contas, restando pouco tempo para se dedicar a projetos inovadores. Sem um equilíbrio social e um bom nível cultural, torna-se difícil encontrar quem possa se comprometer com o empreendedorismo.
Ele citou um exemplo da Cyklo Agritech, aceleradora de startups voltada ao agronegócio, operava em Luís Eduardo Magalhães (BA), onde empreendedores passavam nove meses em imersão para validar seus projetos. Porém, após a pandemia, em meados de 2022, perceberam que a aceleração a distância estava desestimulando as inscrições, levando à necessidade de repensar esse modelo.
“Nessa jornada de inovação o papel da aceleradora é fundamental, afinal sua missão é olhar para todo o ecossistema do mundo das startups, indo além do negócio em si. Ou seja, contornando os fatores sociais e tecnológicos impeditivos contribuindo com este desenvolvimento. Desde sua fundação, por exemplo, a Cyklo se esforça para estar mais próxima das startups com o objetivo de fazê-las darem certo. Atualmente monitora cerca de 1.500 delas. Essa estratégia de estar em contato com esses profissionais é com objetivo de tentar manter viva essas iniciativas que ainda estão em projetos de faculdade e ou incubadora para no momento certo levá-las à etapa seguinte de aceleração”, comenta.
“O Brasil é um país tão grande e heterogêneo que o desenvolvimento da inovação também ocorre de forma. O que quero dizer é que nas grandes capitais a tendência é que tenhamos mais soluções e oportunidades para empreendedores do setor secundário e terciário. Para desenvolver um projeto para o agronegócio, o empreendedor precisa estar no campo onde terá a chance de testar e validar suas ideias. E cabe a nós fazer essa aceleração e a conexão com os produtores”, conclui.