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Milho: Ritmo mais lento da colheita, câmbio e oferta justa mantêm suporte aos preços no Brasil

Por Carla Mendes

A colheita da segunda safra de milho segue acontecendo no Brasil e trazendo novo volumes do grão para o mercado nacional. Ainda assim, as cotações por aqui seguem sustentadas e não recuam como esperavam especialistas para este início de segundo semestre.

O ritmo mais lento dos trabalhos de campo já vinha atuando como um dos pilares de suporte para as cotações em quase todos os estados de produção e venda do grão. E o boletim mensal de estimativa para a safra 2019/20 do Brasil divulgado pela Conab nesta quarta-feira, 8 de julho, confirmou um cenário ainda mais ajustado de oferta e demanda.

A safra nacional foi estimada em 100,6 milhões de toneladas, contra 101 milhões do reporte do mês passado. São projetadas para a segunda safra 73,5 milhões e boa parte desta colheita já comprometida com a exportação. A Conab aponta ainda um consumo interno de 68,4 milhões de toneladas, o que poderia, cruzando com os demais dados, resultar em estoques finais de apertadas 8,7 milhões de toneladas. Confirmado, estes seriam os menores estoques em quatro anos.

“A grande questão continua sendo o estoque inicial, apontado pela Conab aponta em 10,2 milhões de toneladas. Mas, como tivemos um começo de ano com milho em forte alta, isso pode não ter sido a realidade. Assim, o quadro deve ser mais apertado do que foi apontado pela Conab neste relatório”, analisa o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.

E dessa forma, os preços do milho praticados no mercado interno continuam se mostrando em patamares elevados e firmes, variando entre R$ 31,00 e R$ 55,00 por saca nas principais regiões produtoras do país.

Em regiões do Tocantins como Pedro Afonso são R$ 31,00 ou Paraíso do Tocantins, R$ 35,00. Olhando para Goiás, Rio Verde, por exemplo, tem R$ 36,50 na compra, e o vendedor pedindo R$ 44,00. Já na Bahia, região de Barreiras tem, respectivamente, R$ 40,00 e R$ 47,00/saca.

Na contramão deste movimento positivo para as cotações, ou ao menos para equilibrá-las está o câmbio. A moeda americana tem se mostrado mais volátil nos últimos dias e baixas mais acentuadas poderiam provocar alguma pressão sobre as cotações. De outro lado, a divisa ainda consegue manter-se na casa dos R$ 5,30 – fechando nesta quarta em R$ 5,35, recuando 0,71% – e segue dando suporte importante aos preços.

Mais do que isso, se espera um aumento das exportações brasileiras de milho neste segundo semestre. Embora a perspectiva não se aproxime do recorde do ano passado, deverá haver uma melhora considerável no volume de grãos embarcados nos próximos meses pelo Brasil, mas que também irá esbarrar na competitividade nacional frente aos principais concorrentes.

Ao comparar os preços de Brasil e Estados Unidos hoje, o cereal brasileiro ainda é mais barato base porto. Dados compilados pela ARC Mercosul mostram referências para a tonelada do produto americano em US$ 170,70 para o grão no Golfo americano, enquanto para o brasileiro é de US$ 164,60. Na Argentina, o valor cai para US$ 153,70, porém, por problemas políticos – como as retenciones – são pouco competitivos por agora.

O Brasil, hoje, já é um dos maiores players do mercado global de milho, tem boa aceitação entre os importadores e vem ampliando sua participação no cenário externo. Internamente, o consumo também é crescente com o bom momento das proteínas animais. Dessa forma, assim como para a soja, o bom caminho para o milho é um caminho sem volta. Estratégia e garantia de liquidez, senhoras e senhores.

Carla Mendes é coordenadora de jornalismo do Cenário Rural, editora chefe do Notícias Agrícolas  e especializada em agronegócio, com foco no complexo soja. 

Fonte: Cenário Rural

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