Por Carla Mendes
Com a colheita avançando melhor nas principais regiões produtoras do Brasil, os preços do milho no mercado nacional começam a se mostrar um pouco mais regionalizados neste momento. Ainda assim, apesar da pressão um pouco mais intensa em alguns pontos do país, os patamares seguem elevados.
De um lado, vendedores mais retraídos, esperando melhores oportunidades de preços. De outro, os compradores também mais reticentes aguardando a chegada de lotes maiores da segunda safra. Assim, a liquidez agora é mais baixa e os negócios, bem mais pontuais. Além dos fatores fundamentais do Brasil, um recuo nas cotações internacionais do cereal, segundo os pesquisadores do Cepea, também ajuda a pressionar as cotações.
O mercado acompanha com a atenção os trabalhos de colheita, uma vez que o Brasil não tem estoques depois das elevadas e recordes exportações do ano passado. Um levantamento feito pela Safras & Mercado mostra que já há 40,6% da área colhida até agora, estimada em 13,27 milhões de hectares. O índice fica em linha com a média plurianual da 40,1%, ainda de acordo com a consultoria. Quem lidera os trabalhos de campo é o Mato Grosso.
Em Darcinópolis, no estado do Tocantins, por exemplo, 95% da safrinha já foi colhida e a expectativa é de que a produtividade se mostre em torno das 90 sacas por hectare, dentro da média do município. E em plena colheita, a média de preços tem estado nos R$ 40,00 por saca, segundo relata o engenheiro agrônomo local, Marcílio Fernandes Marangoni, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (20).
Veja a íntegra:
E nas principais regiões produtoras, a condição é parecida. Além dos baixos estoques e dos trabalhos de colheita, que se mostraram um pouco mais lento do que no ano passado – apesar de estarem dentro da média – as exportações brasileiras começam a ganhar mais tração neste segundo semestre.
Goiás tem referências entre R$ 37,00 e R$ 41,00 por saca; Bahia entre R4 42,50 e R$ 46,00, enquanto no Mato Grosso de R$ 30,00 a R$ 35,00.
De acordo com os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) divulgados nesta segunda, o Brasil já embarcou pouco mais de 348 mil toneladas de milho, mais do que o dobro do registrado em todo o mês de junho. A tendência é de que os volumes continuem crescendo durante este mês e nos próximos, como já vinha sendo sinalizado por analistas e consultores de mercado. 2020 deverá se encerrar, de acordo com as estimativas mais atualizadas, superando 30 milhões de toneladas exportadas de milho.
“O Brasil ainda esté no início da temporada das exportações. Os embarques estão começando agora e devem crescer forte, porque a soja irá perder espaço nos portos nas próximas semanas, uma vez que possui as exportações bastante avançadas e não vem mostrando novos negócios”, acredita Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Com esse cenário se estabelecendo, os vendedores se atentam ao potencial das exportações, bem como à demanda interna bastante aquecida, puxada essencialmente pelo momento forte das proteínas animais. E a sua escolha, qual será? Onde lhe pagam melhor por seu milho?
Carla Mendes é coordenadora de jornalismo do Cenário Rural, editora chefe do Notícias Agrícolas e especializada em agronegócio, com foco no complexo soja.