Por Andressa Simão
A cotação da arroba do boi gordo seguiu firme nesta semana com a baixa disponibilidade de animais terminados e com o bom desempenho das exportações de carne bovina in natura, com a China como o principal comprador. Entretanto, as negociações no mercado físico registraram baixa liquidez com a queda no consumo da proteína diante da segunda quinzena do mês.
Os dados divulgados pela a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) apontaram que a média diária embarcada de carne bovina registrou um aumento de 11% na terceira semana de julho/20 frente à segunda semana do mês, chegando a 7,33 mil toneladas. O total volume enviado para fora do país chegou a 95,37 mil toneladas, um incremento de 72% se comparado ao total embarcado no mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados da Informa Economics FNP, as indústrias frigoríficas estão acompanhando o desempenho das vendas no atacado adotando estratégias para se posicionar no mercado. “Os frigoríficos reduziram o fluxo de aquisições de gado e o ritmo dos abates diários, tentando equilibrar a produção com a lenta demanda vigente pela carne bovina”, destacou a consultoria.
As programações de abate apresentam falhas e buracos na maioria das praças paulistas e atende uma média geral oito dias úteis. “A situação das escalas de abate nas praças paulistas se difere do resto do país, dada a oferta que continua restrita em grande parte do território nacional”, informou a Agrifatto.
Com base no levantamento da Scot Consultoria, os preços para o Boi Gordo na região de Barretos/SP e Araçatuba/SP registraram uma valorização na semana de 0,93% e estão próximos de R$ 214,50/@, à vista e livre de impostos. Já em Cuiabá/MT, a arroba do boi registrou um ganho semanal de 0,52% e está precificada a R$ 194,00/@, à vista e livre de impostos.
Já os valores da arroba no mercado futuro estão abaixo dos observados no físico, o que não estimula o pecuarista a investir no segundo giro do confinamento, ainda mais com os preços do milho sustentados e com a reposição elevada. O Cepea apontou que o pecuarista terminador tem registrado piora no poder de compra de animais de reposição.
“No estado de São Paulo, o bezerro é negociado acima de R$ 2 mil por cabeça desde meados de junho, e o boi magro, de R$ 3 mil por cabeça, ao passo que os valores do bezerro subiram 27,5%, e o do boi magro, 13,6%. Nesse cenário, o pecuarista terminador precisa de mais arrobas de boi gordo para a compra de animais de reposição”, destacou o Cepea em seu boletim semanal.
Diante desse cenário de custos elevados para o confinamento, a Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon) estima uma queda na intenção em confinar no segundo giro do confinamento em 18%, na comparação anual. “O mercado futuro não sinaliza de forma confortável para que o pecuarista invista na engorda intensiva, para dar rentabilidade o preço futuro deveria estar cotado a R$ 240,00/@”, conclui o presidente da entidade, Maurício Velloso.
Andressa Simão é colunista de pecuária do Cenário Rural e produtora de conteúdo no site Notícias Agrícolas.