O crédito rural é fundamental para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, fornecendo os recursos necessários para custeio, investimento e comercialização das atividades agrícolas. Em 2025, o setor enfrenta um cenário desafiador, marcado por mudanças nas políticas de financiamento, taxas de juros elevadas e a necessidade de práticas mais sustentáveis.
Plano Safra 2024/2025: Recursos e Taxas de Juros
O governo federal lançou o Plano Safra 2024/2025 com um montante recorde de R$ 400,59 bilhões destinados à agricultura empresarial. Desse total, R$ 293,29 bilhões foram direcionados para custeio e comercialização, enquanto R$ 107,3 bilhões foram alocados para investimentos. As taxas de juros para custeio e comercialização foram fixadas em 8% ao ano para produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Para investimentos, as taxas variam entre 7% e 12% ao ano, dependendo do programa específico .
Agricultura Familiar: Expansão e Incentivos
A agricultura familiar também recebeu atenção especial no Plano Safra 2024/2025, com a disponibilização de R$ 76 bilhões, um aumento de 43,3% em relação à safra 2022/2023. Nos primeiros sete meses do plano, foram contratadas 1.078.789 operações de financiamento, totalizando R$ 43,3 bilhões, um crescimento de 6,4% em comparação ao mesmo período da safra anterior. Houve destaque para o aumento de 105% no volume de crédito acessado por assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas. Além disso, as taxas de juros foram reduzidas para 3% ao ano para a produção de alimentos básicos e 2% para práticas sustentáveis .
Suspensão Temporária de Contratações e Impactos
Em fevereiro de 2025, a Secretaria do Tesouro Nacional determinou a suspensão de novas contratações de financiamentos rurais subvencionados pelo Tesouro Nacional no âmbito do Plano Agrícola e Pecuário 2024/2025, exceto para as linhas de financiamento de custeio do Pronaf. Essa medida foi tomada devido ao aumento dos gastos com equalização das operações de crédito rural, provocado pela elevação das taxas de juros, e à ausência de orçamento disponível para novas operações, uma vez que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) ainda estava em tramitação no Congresso Nacional .
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desempenha um papel significativo no financiamento agrícola. No Plano Safra 2024/2025, o BNDES recebeu R$ 33,5 bilhões em recursos com equalização de taxas de juros, representando 25% do total de recursos equalizados pelo governo federal. Além disso, o banco disponibilizou R$ 33 bilhões de recursos próprios, totalizando R$ 66,5 bilhões para financiar investimentos na agricultura brasileira .
Desafios e Perspectivas para 2025
O cenário de 2025 apresenta desafios significativos para o crédito rural no Brasil. A suspensão temporária de contratações de crédito subvencionado e as altas taxas de juros podem limitar o acesso dos produtores a financiamentos essenciais para suas operações. Pequenos e médios produtores, que dependem mais de linhas de crédito com juros subsidiados, podem ser os mais afetados, enfrentando dificuldades para investir em tecnologias e insumos necessários para aumentar a produtividade.
Por outro lado, iniciativas estaduais, como a do Paraná, que propôs ao governo federal um Plano Safra 2025/2026 de R$ 597 bilhões, demonstram a busca por soluções para ampliar o acesso ao crédito rural. A proposta inclui a priorização de programas com taxas de juros pré-fixadas e menores, além de prazos de reembolso mais longos, visando atender às necessidades dos produtores rurais .
O crédito rural em 2025 enfrenta um ambiente complexo, com desafios relacionados às políticas de financiamento, taxas de juros e sustentabilidade. A continuidade do apoio governamental, a adaptação às novas condições econômicas e a busca por práticas agrícolas sustentáveis serão fundamentais para garantir o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e a segurança alimentar do país.
