Por Carla Mendes
Recordes. O mês de julho se encerra com os preços registrando novos recordes para a soja no mercado brasileiro tamanha a escassez de produto no país. Virtualmente, a soja da safra 2019/20 já terminou. Enquanto isso, a demanda permanece aquecida. E crescendo.
O processamento de soja segue forte e algumas indústrias deverão, inclusive, encerrar suas atividades mais cedo este ano – algumas já em setembro – em função da falta de matéria-prima. E ainda haverá muito consumo nos últimos quatro meses restantes de 2020.
Assim, o interior segue pagando melhor do que a exportação e buscando garantir que o produto permaneça no Brasil. Do mesmo modo, os portos já registram referências acima dos R$ 120,00 por saca e ainda assim, não atraem os vendedores. E o mercado é deles agora.
Conhecendo a relação cada vez mais apertada entre demanda e oferta, os sojicultores que ainda têm algum lote para entregar seguram seu produto e apostam em momentos ainda melhores para a temporada 2019/20. Os prêmios pedidos pelos vendedores, inclusive, já passam de US$ 2,00 por bushel acima dos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago.
Ao mesmo tempo, o produtor brasileiro se prepara para dar início à maior safra de soja da história do Brasil – que pode alcançar 130 milhões de toneladas na média das primeiras projeções das consultorias – e vê um produto que ainda sem foi plantado já estar cerca de 40% comprometido com a comercialização.
A semana foi de altas muito intensas nos prêmios da SAFRA NOVA brasileira de soja, com a China muito atuante no mercado nacional também buscando garantir sua oferta para o ano que vem. Tendo de se abastecer nos EUA agora em função da falta de oferta no Brasil, o movimento deverá ser temporário já que Xi Jinping e Donald Trump não voltaram a ser grandes amigos até onde se sabe.
E sem problemas, Xi. O Brasil se prepara para colher uma grande safra e sabemos do nosso papel nessa relação. Sabemos da importância e do potencial das nossas relações comerciais e do protagonismo que carregamos como origem fornecedora para a maior compradora de alimentos do MUNDO.
MILHO SUBINDO EM PLENA COLHEITA
A colheita da segunda safra brasileira de milho continua avançando e os preços do milho também. O mercado nacional registra bom momento do mercado futuro e do disponível mesmo com a chegada de novos lotes dada a avançada comercialização do safrinha. Além do mais, apesar do avanço, ainda há atraso nos trabalhos de campo. Números levantados pela ARC Mercosul mostram que 64,6% da área já foi colhida, contra 78,6% de 2019 e da média de 5 anos de 67,3%.
Fonte: ARC Mercosul
O contrato setembro na B3, a bolsa brasileira, acumulou uma alta de 10% no mês de julho e nesta sexta-feira (31) renovou sua máxima ao superar os R$ 51,30 por saca.
Especialistas atribuem os ganhos a um cenário bastante parecido com o da soja: pouca oferta e muita demanda. Os estoques do Brasil estão muito limitados depois das exportações recordes do ano passado e do consumo interno pujante. O bom momento das proteínas animais exige um consumo maior não só de farelo de soja, como também do cereal para a formulação de rações e o momento é muito positivo.
Mais do que isso, os embarques também ganham mais tração no segundo semestre – e estimulam novos negócios para a exportação – dado melhores condições logísticas também depois da concentração dos embarques de soja nos primeiros seis meses de 2020. Complemetando o bom momento das exportações, a alta dos prêmios para o cereal nos EUA também atrai mais demanda para o Brasil, o que resulta em boas altas também para os nossos prêmios.
Carla Mendes é coordenadora de jornalismo do Cenário Rural, editora chefe do Notícias Agrícolas e especializada em agronegócio, com foco no complexo soja.
Fonte: Cenário Rural