As exportações brasileiras de soja em grão devem atingir 15,562 milhões de toneladas em março de 2025, segundo estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). O número supera com folga os 13,548 milhões de toneladas embarcadas no mesmo mês de 2024, configurando uma retomada robusta após os atrasos no início da colheita.
Além da soja em grão, o farelo também registra aumento significativo. A previsão é de embarques de 2,299 milhões de toneladas de farelo de soja, ante 1,800 milhão de toneladas em março do ano passado. A demanda internacional segue aquecida, sobretudo na Europa e na Ásia.
Recuperação Após Início Lento
Os embarques haviam começado mais devagar em janeiro e fevereiro devido ao clima irregular, que retardou a colheita em diversas regiões produtoras, especialmente no Centro-Oeste. Agora, com o avanço da safra, os volumes têm sido escoados com velocidade pelos portos.
A China continua sendo o principal destino da soja brasileira, com destaque para o aumento nos pedidos após o agravamento das tensões comerciais com os Estados Unidos. A dependência chinesa do grão brasileiro se acentuou em 2025, impulsionando os volumes exportados.
Logística Operando em Máxima Capacidade
Os portos de Santos, Paranaguá e Itaqui operam em ritmo acelerado para atender à demanda. Apesar da boa movimentação, gargalos logísticos ainda geram filas e aumentam os custos, evidenciando a necessidade de mais investimentos em infraestrutura portuária e ferroviária.
Com o volume crescente de exportações, os estoques internos de soja estão mais ajustados. Isso tem pressionado as indústrias de esmagamento e eleva os preços pagos ao produtor nas principais praças, com a saca oscilando entre R$ 110 e R$ 120 dependendo da praça.
Valorização Cambial Colabora
A taxa de câmbio, que permanece acima de R$ 5,00, favorece as exportações e estimula o fechamento de novos contratos. Para os exportadores, a combinação entre demanda firme e dólar elevado cria uma janela de rentabilidade atrativa.
Com o ritmo atual, analistas preveem que o Brasil poderá superar os 95 milhões de toneladas exportadas ao final do ciclo 2024/25. Se confirmado, será um novo recorde histórico, consolidando a liderança do país no comércio mundial de soja.
Desafios Climáticos Ainda Persistem
Apesar do bom momento, produtores seguem em alerta devido às incertezas climáticas nas regiões Norte e Nordeste. Secas pontuais podem comprometer a produtividade em algumas áreas e impactar a oferta no segundo semestre.
Março marca um ponto de virada para o setor da soja no Brasil. Com exportações em alta, infraestrutura pressionada e preços firmes, o agro brasileiro mais uma vez reafirma sua força no cenário global. O desafio agora é manter a competitividade diante de um mercado cada vez mais exigente.
Fontes: Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), Ministério da Agricultura, Canal Rural, Notícias Agrícolas, Valor Econômico
