A Semagro reuniu na última quinta-feira (10/7/2020) dezesseis Instituições do MS, com abertura do Secretário Jaime Verruck, para discutir estratégias para enfrentar o problema do “enfezamento”, doença causada por organismos conhecidos como molicutes (Spiroplasma, Fitoplasma) e um vírus (rayado fino), todos transmitidos pelo vetor Dalbulus maidis, vulgarmente conhecida como cigarrinha do milho.
Não se trata da mesma cigarrinha que ataca a Brachiária. É uma espécie monófaga, isto é, tem alta preferência pelo gênero Zea (milho).
O Superintendente da Semagro, Rogério Beretta destacou: “é importante nos anteciparmos ao problema, antes que se agrave ainda mais nas próximas safras”.
As instituições irão elaborar propostas à Semagro para enfrentar esse problema que é uma realidade em Mato Grosso do Sul.
O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dr. Crébio J. Ávila lembrou que nem toda cigarrinha do milho está contaminada e, por conseguinte, não são vetores de patógenos causadores do enfezamento. E, nesse caso, não chega a ser um problema sério, por si só, para a cultura do milho. Esse fator deverá ser considerado na definição de estratégias a serem propostas para minimizar prejuízos nas próximas safras.
Situação no MS
A Agraer realizou um rápido levantamento com produtores de milho e cooperativas agrícolas e verificou que o problema foi generalizado no Estado. Porém, a intensidade foi maior em regiões que cultivam mais milho 2ª safra, isto é, região de Dourados e Ponta Porã, variando de 3 a 30% de perdas nas produtividades esperadas. Nos chapadões de São Gabriel, Chapadão do Sul e Baús, este em Costa Rica, as incidências foram menores.
Em alguns municípios a infestação foi generalizada e em outros foi localizada, variando bastante nesse aspecto.
Foram relatados casos de lavouras de milho (400 ha), em Ponta Porã, com perdas de até 80% da produtividade. No município de Sete Quedas, uma cooperativa informou que a perda chega a 30% da produtividade esperada de 100 sc/ha. E muitos municípios, os produtores consultados tiveram perdas de 3 a 10%, apenas. Produtores de muitos municípios, com áreas mais modestas, não relataram perdas por ataque da praga.
A situação que favoreceu a pressão da praga foi a quebra da sazonalidade do milho, ou seja, o cultivo na “safrinha” e plantios irrigados, possibilitam oferta de alimentos ao longo do ano à cigarrinha.
Em regiões onde o milho é cultivado em plantios sucessivos, as cigarrinhas migram de campos doentes para campos com plantas jovens e, assim, disseminam a doença.
Danos
A infecção causada pelos agentes patológicos, ao se alojarem no floema (vasos), alteram o movimento hídrico e a fotossíntese na planta, causando danos como: multiespigamento, secamento prematuro da planta, redução da espiga, chochamento de grãos e tombamento de plantas. Resultando na queda da produção.
Curiosidade: cada fêmea durante seus 45 dias de vida, pode colocar 611 ovos.
Medidas de Controle
A Embrapa desde 2.004 conhece esse problema e (WAQUIL. J.M. – Circular Técnica n. 41/2004 – Sete Lagoas) tem uma série de recomendações de manejo que devem ser incorporada visando reduzir o problema, são elas:
Os métodos culturais, mais efetivos e econômicos.
Evitar plantio tardio e escalonado em áreas próximas;
Realizar rotação de cultura;
Áreas de intensa infestação devem ficar em pousio por, no mínimo, três meses;
Erradicar milho “tiguera” (voluntário);
Monitorar e remover plantas com sintomas;
Evitar plantar milho pipoca e milho doce, por serem mais suscetíveis.
Escolha de híbridos e variedades resistentes e tolerantes às doenças ou ao vetor;
Fazer controle ao vetor com tratamento de solo, da semente ou via pulverização das plantas, logo após a emergência;
Fazer sincronização de plantio.
O trabalho, coordenado pela Semagro, deverá propor medidas de capacitação de técnicos e agricultores, pesquisa e defesa fitossanitária, a serem divulgadas oportunamente.
Fonte: Agraer MS