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Dólar volta a máxima em 3 meses em dia tenso com renovados temores fiscais

Os mercados brasileiros experimentaram novo dia de estresse na quarta-feira, e o dólar fechou em firme alta e acima de 5,60 reais, mais do que devolvendo a queda da véspera, diante da apreensão de investidores quanto ao futuro da agenda fiscal do país em meio a renovados temores quanto à posição de Paulo Guedes no Ministério da Economia

O dólar à vista fechou em alta de 1,54%, a 5,6124 reais na venda. É o maior nível desde 20 de maio (5,6902 reais). O ganho desta sessão superou a queda de 1,19% da terça-feira. Na máxima, alcançada no meio da tarde, o dólar foi a 5,635 reais (+1,95%). Na B3, o dólar futuro de maior liquidez saltava 1,90%, a 5,6155 reais, às 17h22. O dólar vinha tomando fôlego gradualmente ao longo da manhã, mas, pouco depois das 12h, arrancou em alta após o Presidente Jair Bolsonaro dizer que havia rejeitado a proposta apresentada pelo Ministério da Economia para criação do programa Renda Brasil. A fala de Bolsonaro, vista como desautorização pública ao ministro, amplificou a aparente queda de braço entre Guedes e a ala desenvolvimentista do governo. Ruídos entre os dois lados já haviam se intensificado nas últimas semanas, contribuindo para a saída do governo de importantes auxiliares do ministro da Economia e alimentando especulações sobre eventual substituição do chefe da pasta —com um dos nomes mais falados para seu lugar sendo o do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O mercado piorou o sinal porque entende que as divergências dificultam o cumprimento de uma agenda fiscal no sentido de austeridade, o que ameaça manter a dívida pública em trajetória de alta, deteriorando a percepção sobre as contas públicas do país e reduzindo a confiança dos investidores. “Ele (Bolsonaro) não está dando saída para a equipe econômica”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management. “A sinalização emitida (pelo presidente) não foi boa. Coloca de novo Paulo Guedes numa berlinda perigosa, bota o fiscal brasileiro numa berlinda perigosa. Essas coisas (aumento de gastos) têm efeito (econômico) de curto prazo bom, mas o efeito de longo prazo é péssimo”, completou, alertando sobre risco de inflação à frente. Outros mercados também sentiram o mau humor. Nos juros, o DI janeiro 2023 foi à máxima do dia, de 4,21%, ante 3,93% do ajuste anterior. O DI janeiro 2025 saltou a 6,08% no pico, ante 5,75% do ajuste de terça-feira. Luis Laudisio, operador da Renascença, acredita que o mercado deva cobrar mais prêmio daqui para a frente, inclusive nos leilões de dívida. “A reação do mercado foi ruim hoje, mas o mercado nem começou a jogar a toalha ainda”, completou, indicando chances de reações mais fortes nos preços em caso de continuidade do cenário de incertezas.

Leia a notícia na integra no Abrafrigo

Fonte: REUTERS

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