O dólar fechou perto da estabilidade ante o real na sexta-feira, mas não sem antes exibir gangorra similar à dos últimos dias, ao fim de uma semana em que a moeda acumulou valorização em meio a aumento de volatilidade
O dólar à vista registrou variação negativa de 0,07% na sexta, para 5,4754 reais. Na semana, a cotação subiu 1,58%, devolvendo parte do tombo de 6,07% da semana anterior, quando ocorreram as eleições norte-americanas. O real viu elevação de volatilidade implícita na semana, saindo de 16,6% para 18,2%. O real caiu cerca de 1,6% ante o peso mexicano apenas nesta sessão e, na semana, recuou 2,75%. Um dos pontos cruciais contra o câmbio é de ordem fiscal, com o mercado ainda receoso sobre o futuro do teto de gastos e frustrado com a lentidão da agenda de reformas econômicas. Citando justamente problemas relacionados às contas públicas, o Itaú Unibanco elevou na sexta-feira de 4,50 reais para 5,00 reais o prognóstico para a taxa de câmbio nominal ao fim de 2021. Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que o desalinhamento negativo da taxa de câmbio no Brasil voltou a aumentar no fim do terceiro trimestre e a ficar entre os maiores já vistos nos últimos anos. “A persistência do desalinhamento frente a uma melhora consistente dos fundamentos ao longo de 2020 nos leva a reiterar que a desvalorização do real tem sido ocasionada principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal”, disse Emerson Marçal, Coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV EESP) e um dos autores do estudo, de divulgação trimestral. Além do tema fiscal, a pressão sobre o câmbio tem se mantido diante da demanda por dólares decorrente de ajustes no “overhedge” –proteção cambial adicional adotada por bancos e cuja eficiência foi colocada em xeque diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias. Essa correção pode implicar compra de no mínimo 15 bilhões de dólares até o fim do ano, segundo cálculos de algumas instituições financeiras. “A compra de dólar futuro hoje é antecipação de zeragem de ‘overhedge’. Por isso o DI está, ainda, bem-comportado, assim como a bolsa”, comentou Vitor Péricles, economista e sócio-gestor da LAIC-HFM Gestão de Recursos. O dólar futuro, cujas operações encerram às 18h15, subia 0,26% às 17h06, para 5,4760 reais. As taxas de DI caíram cerca de 4 pontos-base nesta sessão, e o Ibovespa saltava 1,9% a cerca de uma hora do fechamento no mercado à vista.
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Fonte: REUTERS