Exportações em alta, mas custos e regulações preocupam o setor
O setor de carnes no Brasil, que engloba a produção de bovinos, suínos e aves, inicia 2025 com expectativas de crescimento nas exportações e recuperação do consumo interno. Contudo, o aumento dos custos de produção, as exigências de mercados internacionais e o impacto das mudanças climáticas representam desafios significativos para toda a cadeia produtiva.
Exportações em Ascensão
As exportações de carne continuam a ser um dos pilares da balança comercial brasileira. Dados recentes apontam que, em 2024, o Brasil exportou cerca de 2,5 milhões de toneladas de carne bovina, consolidando-se como o maior exportador global. Para 2025, as projeções indicam um aumento de 5% no volume exportado, com destaque para mercados como China, Egito e países do Sudeste Asiático.
No entanto, o setor enfrenta oscilações em mercados estratégicos. A demanda chinesa, por exemplo, mostrou-se mais moderada nos últimos meses devido à recuperação da produção interna de suínos após a crise de peste suína africana. Para mitigar essa dependência, o Brasil tem buscado expandir suas exportações para novos mercados, como países do Oriente Médio e da União Europeia, apesar das barreiras tarifárias e sanitárias.
Custos de Produção em Alta
O aumento dos custos de insumos como ração animal, fertilizantes e medicamentos veterinários tem pressionado a rentabilidade dos pecuaristas. A recente queda do dólar trouxe algum alívio para os produtores que dependem de insumos importados, mas os preços elevados acumulados ao longo de 2024 ainda são uma preocupação.
Além disso, a logística continua a ser um gargalo. A falta de infraestrutura adequada em regiões produtoras encarece o transporte da produção para frigoríficos e portos. Produtores de carne bovina no Centro-Oeste, por exemplo, enfrentam custos elevados para escoar sua produção devido às longas distâncias e à precariedade das rodovias.
Consumo Interno em Recuperação
O mercado doméstico apresenta sinais de recuperação após anos de retração. Com a inflação sob controle e o aumento do poder de compra das famílias, o consumo de carnes voltou a crescer, especialmente de frango e carne suína, que são mais acessíveis em comparação à carne bovina.
Apesar disso, o preço da carne bovina ainda é considerado elevado para grande parte da população, o que tem impulsionado a busca por cortes mais baratos e alternativas proteicas, como peixes e ovos. Essa mudança de comportamento do consumidor obriga o setor a adaptar suas estratégias de marketing e distribuição.
Sustentabilidade e Regulações
A sustentabilidade tem sido um tema central no mercado de carnes. Pressões de consumidores e importadores por práticas mais sustentáveis estão forçando pecuaristas e frigoríficos a adotar medidas de rastreabilidade, redução de emissões de gases de efeito estufa e proteção de áreas de preservação ambiental.
As regulações internacionais também são um desafio. A União Europeia, por exemplo, tem reforçado suas exigências para a importação de carne brasileira, incluindo a comprovação de que a produção não está associada ao desmatamento ilegal. Para atender a essas demandas, empresas e associações do setor têm investido em certificações e tecnologias de monitoramento.
Perspectivas para o Setor em 2025
Especialistas indicam que, para manter sua competitividade, o setor precisará investir em eficiência produtiva e diversificação de mercados. O fortalecimento das cooperativas agropecuárias, o incentivo à integração entre pecuaristas e frigoríficos e o uso de tecnologias como inteligência artificial e agricultura de precisão são apontados como caminhos promissores.
Além disso, a comunicação com o consumidor final será crucial. Mostrar transparência em relação às práticas produtivas e reforçar os esforços de sustentabilidade pode ajudar o setor a consolidar sua imagem tanto no mercado interno quanto externo.
Conclusão
O mercado de carnes brasileiro em 2025 está repleto de oportunidades e desafios. Enquanto as exportações seguem como motor do crescimento, questões como custos elevados, regulações internacionais e demandas por sustentabilidade exigem adaptações rápidas e eficazes. Com estratégias bem planejadas e investimentos em inovação, o Brasil pode continuar a se destacar como um dos líderes globais na produção de carnes.
Fontes: ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes); Embrapa Gado de Corte; MAPA; Bloomberg; Reuters; CNA.
