A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) emitiu um alerta contundente nesta semana, após o anúncio das tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. A entidade classifica como “crítico” o impacto sobre pelo menos 19 produtos do agronegócio brasileiro, incluindo café verde, suco de laranja, tabaco, carnes e frutas processadas.
Apesar de o foco inicial das medidas estar voltado para China, União Europeia e Japão, o Brasil acabou envolvido na reação tarifária americana. Isso ocorre por conta do crescimento exponencial das exportações brasileiras para os EUA nos últimos cinco anos, tornando o país um player relevante e, portanto, alvo de contenção.
Impacto Direto na Competitividade
As novas tarifas variam entre 10% e 20% sobre diversos produtos agrícolas, reduzindo a competitividade da produção brasileira no mercado americano. No caso do café verde, por exemplo, os EUA representam quase 25% da receita de exportação brasileira. Um aumento tarifário compromete diretamente as margens dos produtores e torrefadoras.
Além dos produtos in natura, itens industrializados também estão sob pressão. O suco de laranja, um dos carros-chefes das exportações agroindustriais brasileiras, pode sofrer recuo nos embarques para a Flórida e Califórnia, estados tradicionalmente consumidores do produto. A mesma ameaça recai sobre frutas processadas e castanhas.
CNA Cobra Ação do Governo
Em nota oficial, a CNA pediu uma resposta diplomática imediata do governo federal. A entidade defende o uso de canais bilaterais e, se necessário, a ativação de mecanismos na Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar a legalidade das medidas. “O agro não pode pagar a conta da guerra comercial dos outros”, diz o texto.
Segundo analistas, há risco de que as tarifas americanas sirvam como precedente para que outros países também restrinjam o acesso de produtos brasileiros a seus mercados. A tensão protecionista global amplia o risco sistêmico para o comércio exterior do agro.
Reação no Mercado Interno
As cooperativas e empresas exportadoras estão revendo contratos e estratégias para tentar redirecionar parte dos embarques a outros mercados. Há relatos de estagnação nas negociações e aumento na dependência de destinos asiáticos, como China, Coreia e Emirados Árabes.
Entre todos os produtos, o café verde e o suco de laranja são os mais expostos às tarifas americanas. A queda na demanda pode pressionar os preços internos, já afetados pela alta do custo de produção. Produtores estão preocupados com a retração da rentabilidade num cenário de incerteza.
Urgência em Diversificar Mercados
Especialistas recomendam que o Brasil acelere a abertura de novos mercados e conclua acordos comerciais pendentes com países da Ásia, África e América Latina. A diversificação é vista como a principal forma de mitigar os impactos de futuras barreiras impostas por grandes potências.
As tarifas americanas representam uma ameaça real e imediata ao agronegócio brasileiro. A resposta deve ser estratégica, com articulação entre governo e setor privado para preservar mercados, defender a produção nacional e impedir retrocessos em uma das maiores forças econômicas do país.
Fontes: CNA, MAPA, Canal Rural, USDA, OMC, Valor Econômico, Notícias Agrícolas