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China compra de 10 a 14 navios de soja no Brasil nesta semana, mesmo mais cara do que a dos EUA

Embora a soja brasileira já se mostre um pouco mais cara do que a norte-americana neste momento, a China segue buscando o produto e, somente nesta semana, fez a compra de mais de 10 cargos da oleaginosa no Brasil. A informação parte da consultoria AgResource, matriz da ARC Mercosul em Chicago, nos EUA.

“Nossos contatos nos portos brasileiros nos alertaram sobre a venda de outros 10 a 14 cargueiros de soja para embarque em setembro e outubro e mais 1 navio para despache em novembro, os quais ainda não foram contabilizados”, relatam os analistas da ARC.

Ainda de acordo com números da consultoria, o Brasil já comprometeu cerca de 56,7 milhões de toneladas da soja 2020, “sendo 44% superior ao mesmo período de 2019”, complementa a ARC Mercosul.

De acordo com analistas de mercado ouvidos pela Bloomberg, o aumento das tensões entre China e Estados Unidos motiva essa demanda ainda muito forte da nação asiática pela soja brasileira. “Mesmo com o produto mais caro agora, a China está assegurando a originação dessa soja ao observar esse maior risco político com os EUA e, consequentemente, com a soja americana”, explica a AgResource.

A tonelada da soja nacional, ainda de acordo com dados da ARC, vale, para julho, US$ 349,70 por tonelada no porto de Paranaguá, enquanto no Golfo dos EUA essa referência é de US$ 338,70.

Ainda assim, “somente nesta última semana, o Brasil embarcou 3,15 MTs de soja para exportação, a Argentina embarcou 320 mil tons e os Estados Unidos apenas 280 mil”, explicam os analistas e diretores da consultoria.

CHINA X EUA

Embora as reações do mercado de commodities agrícolas não venham sendo tão intensas como no início da guerra comercial, as novas notícias sobre as relações entre China e Estados Unidos voltam a chamar atenção dos traders. A pandemia do novo coronavírus age como um verdadeiro catalisador para a crise entre as duas maiores economias do mundo.

Em entrevista à norte-americana CNBC, Michael Howell, CEO da Crossborder Capital, disse que o atual cenário “acelera uma guerra tecnológica, comercial e de capitais entre a China e os EUA”, ameaçando o acordo preliminar firmado no início deste ano, e ampliando ainda mais a distância até novas fases de um consenso.

Nesta terça-feira, o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que o presidente americano Donald Trump está muito irritado com a China neste momento por conta, entre outros aspectos, do Covid-19 que o acordo comercial passa a ser, portanto, pouco importante agora.

Na fase um do acordo, firmada em 15 de janeiro deste ano, o país asiático se comprometeu a comprar US$ 36,5 bilhões em produtos agrícolas norte-americanos. O total é US$ 12,5 bilhões maior do que o registro das compras de 2017, ano antecedente ao de início da guerra comercial, mas as compras estão bastante atrasas e especialstas acreditam que, nesse ritmo, podem não concretizar o total formalizado.

Números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostram que há 1,8 milhão de toneladas de soja do atual ano comercial ainda a serem embarcadas e 1 milhão da safra 2020/21.

Por, Carla Mendes

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