A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu nesta semana painéis online do Projeto Campo Futuro (CNA/SENAR) para analisar o desempenho de atividades agropecuárias em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Pernambuco.
Os encontros virtuais foram uma das medidas de segurança adotadas pela CNA para prevenir o contágio do coronavírus e não perder a oportunidade de entender a realidade produtivas das atividades pesquisadas. Foram feitos levantamentos de custos de produção de soja, milho, pecuária de leite, pecuária de corte, cana-de-açúcar e banana.
Pecuária de leite – No município goiano de Jataí, a pecuária de leite foi a atividade analisada pelo Projeto Campo Futuro (CNA/SENAR). A propriedade modal da região possui 17 vacas em lactação que produzem 300 litros de leite diariamente. “A alimentação compromete 36,86% da receita da atividade. Ao todo, o custo operacional efetivo (COE) da propriedade, que engloba os desembolsos que o produtor tem mensalmente, representou 82,64% da receita. A margem bruta é positiva, mas quando adicionamos os gastos com depreciação e remuneração da mão-de-obra familiar, notamos que a receita não é suficiente para cobrir os custos”, avaliou o assessor técnico da CNA, Gabriel Oliveira.
Grãos – Também foi realizado o levantamento dos custos de produção de milho e soja em Campo Novo do Parecis (MT). O assessor técnico da CNA, Thiago Rodrigues, explicou que o cenário apontado para o milho na região é favorável em razão da alta do preço pago ao produtor.
“Se comparado com o ano anterior, o preço de comercialização do milho teve alta de 45%. Em contrapartida, houve um aumento de 10% do custo operacional efetivo (COE), que compreende todos os custos efetivamente desembolsados em um ano agrícola. Em relação à produtividade, foram colhidas em média 110 sacas por hectare, um pouco abaixo da expectativa dos produtores devido ao baixo volume de chuvas no mês de março”, analisou.
Os dados também mostram que a produtividade da soja se manteve em 60 sacas por hectare, mas houve um aumento de 16% no COE. “Em relação à produção de nivelamento, tendo como base a quantidade de sacas colhidas para arcar com o custo de desembolso da atividade, constatamos que o produtor precisou colher 73 sacas de milho e 41 sacas de soja por hectare nessa última safra”, destacou o assessor técnico da CNA.
Banana – Em Jaíba (MG) ocorreu o levantamento de custos de produção de banana prata . A propriedade representativa da região possui 25 hectares, com cultivo de banana prata anã nos sistemas semimecanizado e irrigado. A produtividade apontada pelos participantes do painel foi de 26 toneladas.
A atividade tem proporcionado bons resultados aos produtores, que conseguem uma receita maior que o COT, ou seja, a atividade consegue ser viável no médio prazo, de acordo com o assessor técnico da CNA, Erivelton Cunha.
“Apesar da viabilidade no médio prazo o levantamento apontou que na região a relação de troca é de 26,38 toneladas de banana para cobrir as despesas inerentes ao Custo Total, que envolve os custos diretos desembolsados pelo produtor, as depreciações de instalações, equipamentos e máquinas, o pró-labore e os custos de oportunidade dos bens de capital, do capital circulante próprio e da terra. Esse valor repassado é 1,46% superior à produtividade atual do modal que também convive com preços baixos em decorrência do período de safra”.
Cana-de-açúcar – No Nordeste, os técnicos do Projeto Campo Futuro (CNA/SENAR), em parceria com o Pecege-Esalq/USP, levantaram os custos de produção de cana-de-açúcar em Recife (PE), na segunda (31). A propriedade típica tem 170 hectares e produz em média 8 mil toneladas de matéria-prima, com plantio e colheita manuais. Isso representa 55 toneladas por hectare.
O assessor técnico da CNA, Rogério Avelar, analisou as informações obtidas e diz que a baixa produtividade segue o padrão dos anos anteriores.
“O Custo Operacional Total (COT) ficou em R$127,98 por tonelada de cana, o que representa uma margem líquida negativa de R$19,71 por tonelada do produto. Já o Custo Total foi de R$146,75, com prejuízo de R$38,48 por tonelada. A receita com a produtividade totalizou R$ 108,28 por tonelada de cana. A baixa produtividade é um limitador para os resultados econômicos do produtor rural”.
Pecuária de corte -Ainda foram analisados os custos de produção de pecuária de corte em Montes Claros (MG). Foram definidos dois sistemas produtivos: uma propriedade de recria e outra de recria e engorda. Em ambos os casos, os custos com suplementação animal estão onerando o pecuarista.
Os dados apontaram que a propriedade referência de cria possui 300 hectares, dos quais 80% são recobertos por pastagens, com lotação média de 110 animais por hectare.
“Em relação ao custo operacional efetivo, a mão-de-obra representa 26% e a suplementação animal, 22% do total. O cenário de incertezas quanto ao mercado, em termo de flutuação de preços, condiciona a existência de períodos em que a propriedade modal consegue pagar ou não os custos operacionais totais da atividade”, observou o analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), parceiro da CNA no Projeto, Giovanni Penazzi.
A propriedade referência que se dedica a recria e engorda do gado tem área 600 hectares e 80% da sua área também é ocupada por pastagens. A suplementação animal representa 25% dos gastos do COE, enquanto os custos de reposição representam 53%.
Participaram dos levantamentos, além de CNA e Cepea, técnicos do Centro de Inteligência de Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA), produtores, sindicatos rurais e as federações de agricultura e pecuária dos quatro estados analisados.
Fonte: Senar GO