O Ministério da Agricultura encaminhou um pedido de verba específica no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 para criar 10 novos postos para adidos agrícolas ao redor do mundo no ano que vem.
Neste ano, já foram criados e nomeados 11 novos adidos agrícolas, o que permitiu um salto de 29 para 40 representações diplomáticas do agronegócio espalhadas pelos cinco continentes. Caso seja aprovado, o orçamento vai permitir a expansão para 50 postos.
“É um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mostra a vontade política do ministro Carlos Fávaro e do ministério. É uma grande oportunidade de incrementar essa rede de defensores do agro no exterior”, disse ao Valor o secretário de Comércio e Relações Internacionais da Pasta, Roberto Perosa.
Segundo ele, só após a aprovação do orçamento haverá definição dos países onde os postos serão criados. O Brasil quer manter o foco na expansão comercial com a Ásia, no fortalecimento das relações com países das Américas e no incremento da cooperação técnica com o continente africano.
“Precisamos dar vazão cada vez mais a essa produção crescente da agropecuária brasileira, e isso se dá por meio das aberturas de mercado, muitas vezes trabalhadas pelos adidos”, indicou Perosa.
O orçamento da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura passou de R$ 21 milhões, em 2023, para R$ 24 milhões, neste ano. O pedido para 2025 é por R$ 40 milhões, em parte para contemplar a criação dos novos postos de adidância agrícola.
“É uma decisão estratégica do governo, de retomada do diálogo internacional e da boa diplomacia, e faz todo sentido ampliar de forma robusta e constante a rede de adidos mundo afora. É um incremento e posicionamento político muito forte para as exportação dos produtos do agro”, completou.
Na semana passada, o Brasil atingiu a marca recorde de 200 mercados abertos para produtos do agronegócio. Quase duas mil negociações estão em andamento com diversos países e para variados itens, segundo Perosa.
Na lista das duas centenas de aberturas, ele cita casos emblemáticos como o algodão para o Egito e as carnes suína e bovina para o México, e o incremento na venda de “tecnologia brasileira”, como os embriões para melhoramento genético. “Todos os mercados abertos são demandas do setor produtivo brasileiro”, afirmou.
Uma nova frente possível para abertura de mercados são os produtos orgânicos, de acordo com o secretário.
Segundo ele, a retomada do protagonismo internacional do Brasil também influencia nessas aberturas. A realização de diversos eventos globais no país, como G20, reunião dos Brics e COP30, ajudam no diálogo.
Apenas no encontro de ministros da Agricultura das 20 maiores economias do mundo neste mês em Mato Grosso, a Pasta teve quase 30 encontros bilaterais.
“Demoraria um ano para chegar a esse nível de assertividade das negociações e teríamos que viajar o mundo inteiro”, observou.
Perosa celebrou a carta assinada pelos integrantes do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20, com aprovação unânime dos termos, e disse que a ocorrência dos incêndios florestais e em áreas rurais do país simultaneamente à reunião reforçou os debates em busca de entendimento sobre o futuro da produção agropecuária diante das mudanças do clima.
“É um grande indicativo para os líderes globais de que há possibilidade de acordo nos temas mais complicados que existem no G20”, concluiu.