As principais bolsas de valores da Europa abriram a semana em forte queda, em reação direta à retaliação da China contra os Estados Unidos. O índice DAX, da bolsa de Frankfurt, despencou 2,8%, seu pior desempenho em três meses. Outros índices, como o CAC 40 (França) e o FTSE 100 (Reino Unido), também fecharam em território negativo.
A decisão de Pequim de impor uma tarifa de 34% sobre produtos americanos acirrou o clima de incerteza nos mercados. Investidores temem que a retaliação marque o início de uma nova fase da guerra comercial global, com repercussões severas sobre o comércio, a indústria e os fluxos de capitais internacionais.
Setores Mais Atingidos
As perdas foram lideradas por ações de empresas do setor industrial, automotivo e tecnológico — todas altamente dependentes do comércio internacional. As ações da Volkswagen, Siemens e ASML recuaram entre 3% e 5%, refletindo o receio de uma desaceleração na demanda global por bens de alto valor agregado.
Economistas avaliam que, diante do aumento do risco geopolítico e econômico, o Banco Central Europeu (BCE) poderá revisar sua política monetária. Embora uma elevação nas taxas de juros esteja descartada no curto prazo, o BCE pode adotar medidas para conter o impacto das turbulências sobre o crédito e a inflação.
Moeda e Energia Também Reagem
O euro perdeu força frente ao dólar, sendo cotado a US$ 1,072, enquanto o petróleo Brent caiu 1,2%, com investidores temendo uma queda na atividade industrial global. A aversão ao risco fez os investidores migrarem para ativos mais seguros, como ouro e títulos soberanos.
Empresas europeias exportadoras, especialmente as que atuam fortemente nos EUA e China, já reavaliam projeções para 2025. A redução na previsibilidade dos fluxos comerciais afeta decisões de investimento, inovação e contratação. O temor é que os efeitos a longo prazo sejam semelhantes aos vistos entre 2018 e 2020.
Impacto no Brasil e Mercados Emergentes
O ambiente de maior risco e fuga de capitais prejudica diretamente mercados emergentes como o Brasil. O real sofreu nova desvalorização, e a B3 operou em baixa acompanhando o clima negativo externo. Para o agronegócio brasileiro, o dólar mais alto pode beneficiar exportações, mas o custo de importação e o crédito externo ficam pressionados.
Governos europeus se dividem entre a busca por diálogo diplomático e o apoio aos aliados norte-americanos. A União Europeia convocou uma reunião extraordinária de ministros de comércio para avaliar os próximos passos. Há receio de que as tensões comerciais se espalhem para setores estratégicos como energia, semicondutores e alimentos.
Alerta de Especialistas
Analistas alertam que, se a disputa entre China e EUA não for contida nos próximos meses, os efeitos combinados de inflação, juros altos e desaceleração econômica podem gerar uma recessão global em 2026. O cenário exige respostas coordenadas e diplomacia econômica eficaz.
A queda das bolsas europeias nesta semana é um sintoma de um problema maior: o retorno da instabilidade no comércio global. Enquanto os mercados reagem com cautela e volatilidade, governos e empresas precisam agir com estratégia e pragmatismo para enfrentar um cenário cada vez mais volátil e fragmentado.
Fontes: Bloomberg, Reuters, CNBC, Valor Econômico, Financial Times, Banco Central Europeu, OMC