O plantio do milho safrinha, com menor risco, vai até 10 de março, de acordo com o zoneamento agrícola de risco climático (ZARC) para a maioria das regiões em Mato Grosso do Sul. Quando se aproxima do fim do zoneamento é a oportunidade de trabalhar com outras culturas de inverno. “Além de diminuir o potencial produtivo do milho safrinha, os riscos climáticos aumentam. Então é hora de fazer diversificação de culturas. Não é possível dizer se vai ser economicamente mais viável. O zoneamento trabalha com probabilidade. Tem determinado ano em que, mesmo se o plantio acontecer fora do zoneamento, a produtividade vai ser satisfatória. E tem ano em que, mesmo que ele plante dentro do zoneamento, pode ser ruim. Mas as chances de acertar são maiores”, pondera o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS).
A mensagem que o pesquisador quer passar é que, se chegou em épocas menos favoráveis para o milho safrinha, o risco de plantio para essa cultura aumenta. “Há uma oportunidade para trabalhar a diversificação de culturas em parte da propriedade. É claro que depende da região, mas cerca de 25% da área poderia ser destinada para outras alternativas de cultivo”, explica.
Culturas viáveis para Mato Grosso do Sul
As condições edafoclimáticas são bem distintas no Estado. Da capital (Campo Grande) em direção ao sul de MS, a entressafra possui maior volume de chuvas e temperaturas mais baixas, com risco de geadas. Para realizar a diversificação de culturas, os cereais de inverno são uma boa oportunidade. Não é à toa que nessa região, antigamente, havia muito trigo plantado. A aveia e o trigo são as principais culturas que tem a possibilidade de vender o grão e ter retorno econômico.
De Campo Grande para o norte do estado, ambiente mais de Cerrado, a entressafra é um pouco mais seca e não há ocorrência de geadas. Por esse motivo, esses cereais de inverno já não se adaptam àquela região. “Para essa região, o sorgo granífero é uma ótima opção por tolerar mais seca do que o milho. Além de ter o custo de produção mais baixo, também dá para colher grãos”, exemplifica Garcia. Outras opções, independentemente de ser ao norte ou ao sul, são os cultivos de plantas de cobertura, como crotalárias, milheto e braquiárias, em que, apesar da não haver colheita de grãos para comercialização e retorno econômico imediato, trazem inúmeros benefícios para o sistema de produção, afetando positivamente os cultivos, inclusive a soja, que vem na sequência.
Período adequado cada plantio de cultura
Quando se avalia as alternativas para a safra de inverno, o pesquisador diz que o plantio deve ser visto para o sistema de produção como um todo. No caso da crotalária, seu maior potencial de produção é no verão, em outubro e novembro, mas nessa época cultiva-se a soja. Na safrinha, a crotalária vai diminuir seu potencial, mas vai agregar uma série de benefícios para o sistema, como redução de nematoides e aporte de nitrogênio.
Outro exemplo é o sorgo que tem maior potencial no verão, mas também vai muito bem na safrinha, principalmente nos plantios mais tardios que passaram do período adequado de plantio do milho safrinha. “Avançou o mês de março, quando o risco para o milho safrinha aumenta consideravelmente, é a oportunidade para se trabalhar essas espécies alternativas”.
Já o plantio dos cereais de inverno é realmente na safrinha, que vão ser posicionados em uma melhor época para o potencial produtivo, em meados de março.
Benefícios
Segundo o pesquisador, as opções de cereais de inverno ou sorgo também conseguem gerar receita, colhendo o grão, e estarão beneficiando o sistema de produção, trazendo outras melhorias pela diversificação de cultivos. “Sem falar no retorno indireto. A aveia, além de se colher o grão, é uma excelente alternativa para controlar buva [planta daninha]. As braquiárias, a mesma coisa. A melhor forma de controlar buva é a cobertura do solo proporcionada por essas plantas. Então se gasta menos com herbicida na hora de fazer a dessecação para plantar a soja”, esclarece.
Não existe planta ideal que atende todos os quesitos e em todas as condições. Elas agregam pontos positivos distintos. As crotalárias, por exemplo, são excelentes para controlar nematoides e aumentar o nitrogênio no solo. As braquiárias são eficientes para produção de palha e melhorias no perfil do solo, proporcionando maior armazenamento de água no solo, favorecendo a soja em sucessão.
Fonte: Embrapa