Comercialização segue lenta e impacto das tensões entre EUA e China já afeta preço e projeções para a safra 2025/26 no Brasil.
Mercado Interno Estável, Mas Pressionado pela Concorrência Externa
O mercado físico do algodão no Brasil mostra estabilidade nos preços nas últimas semanas, com a pluma sendo negociada em média a R$ 4,30 por libra-peso. A retração da demanda da indústria têxtil e os efeitos da volatilidade cambial limitam avanços nos preços, mesmo com os custos de produção em leve recuo.
Exportações Desaceleram e Estoques se Elevam
Dados da Secex apontam queda de 18% nas exportações de algodão nos primeiros três meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. Os estoques nas tradings e cooperativas aumentaram, pressionando a liquidez e exigindo renegociação de contratos.
Impacto Direto das Tensões EUA-China
As incertezas geradas pela guerra tarifária entre os dois maiores mercados consumidores de algodão do mundo (EUA e China) provocaram desconfiança no mercado futuro. Os contratos na ICE caíram para 79,2 centavos de dólar por libra-peso, o menor patamar desde setembro de 2023. Analistas avaliam que, se a tensão persistir, o Brasil poderá ganhar espaço, mas com preços comprimidos.
Diante do cenário adverso, produtores de algodão no Mato Grosso, principal estado produtor, já sinalizam redução de até 6% na área plantada para a safra 2025/26. A prioridade tem sido culturas de menor risco e maior liquidez, como soja e milho.
Algodão Exige Gestão de Estoques, Risco Cambial e Posicionamento Estratégico
Apesar do potencial exportador, o algodão brasileiro vive um ciclo de ajuste. A adaptação às novas dinâmicas comerciais globais será decisiva para preservar a competitividade e manter o Brasil entre os maiores players do mercado mundial.
Fontes: Secex, Cepea, Abrapa, ICE, Valor Econômico, Bloomberg Agro