Crise humanitária se intensifica em Gaza; presidente palestino pede libertação de reféns e chama retenção de “pretexto” para ofensiva israelense. EUA e ONU pressionam por cessar-fogo, mas diplomacia emperra.
Abbas Faz Apelo Histórico ao Hamas
Na manhã de 22 de abril de 2025, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, quebrou o silêncio e fez um pronunciamento direto exigindo que o Hamas liberte os reféns mantidos em Gaza desde os ataques de outubro de 2023. Em discurso transmitido de Ramallah, Abbas classificou a manutenção dos reféns como “pretexto prolongado para os bombardeios indiscriminados de Israel” e afirmou que “a resistência não pode ser construída sobre a vida de civis usados como moeda”.
Fontes internas indicam que a pressão internacional sobre Abbas aumentou, com chancelerias da União Europeia e dos Estados Unidos exigindo uma postura mais ativa da liderança palestina no processo de paz. É a primeira vez que Abbas se distancia publicamente da retórica do Hamas desde o início do atual ciclo de violência.
Israel Reage com Intensificação dos Ataques em Khan Yunis e Rafah
Horas após o discurso de Abbas, forças israelenses realizaram novos bombardeios no sul de Gaza, com foco em Khan Yunis e na fronteira de Rafah. O Exército de Israel declarou que os ataques visaram centros de comando do Hamas e depósitos de armas, mas ONGs locais relatam dezenas de mortes de civis, incluindo crianças e profissionais de saúde.
Desde janeiro de 2025, mais de 32 mil pessoas já morreram em Gaza, segundo a Organização Mundial da Saúde. A ONU classifica a situação como “colapso sanitário e humanitário completo”. Hospitais operam sem anestesia, e alimentos chegam em comboios esporádicos autorizados sob pressão internacional.
Diplomacia Travada: EUA, Egito e ONU Têm Propostas Ignoradas
Os Estados Unidos continuam atuando nos bastidores com apoio do Egito e da ONU para viabilizar um cessar-fogo duradouro. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, esteve no Cairo no início da semana, mas o encontro com representantes do Hamas não resultou em progresso.
Segundo o canal Al Jazeera, a proposta mais recente incluía libertação parcial de reféns, pausa humanitária de 15 dias e entrada controlada de ajuda, mas foi rejeitada pelo gabinete de guerra de Israel. Benjamin Netanyahu reafirmou que “não haverá trégua sem desmilitarização total da Faixa de Gaza”.
Irã, Hezbollah e o Risco de Escalada Regional
O silêncio de Teerã tem preocupado analistas militares. O Hezbollah intensificou movimentações no sul do Líbano, e drones foram interceptados perto da fronteira norte de Israel. Embora o Irã negue envolvimento direto, fontes de inteligência apontam aumento no envio de armas leves e munições às milícias aliadas na Síria e no Iêmen.
Especialistas alertam para o risco de uma escalada tripla — Gaza, Líbano e Cisjordânia — o que poderia provocar a intervenção de potências externas e desestabilizar ainda mais a região.
Oriente Médio Entra em Fase Crítica de Volatilidade
A fala de Abbas expõe as fissuras internas do movimento palestino e sinaliza uma tentativa de reconquista do protagonismo institucional frente à radicalização do Hamas. Mas sem reciprocidade de Israel e diante da fragilidade da diplomacia internacional, a violência parece seguir como linguagem predominante.
O Oriente Médio mergulha em um cenário de alto risco humanitário, colapso político e instabilidade regional crescente. Sem mediação efetiva e com o avanço da guerra econômica global, o conflito local pode rapidamente se transformar em uma nova frente de confronto internacional.
Fontes: Al Jazeera, Haaretz, Times of Israel, BBC, CNN, ONU, OMS, Ministério da Saúde Palestina, Reuters