O dólar disparou 2,8% na sexta-feira registrando a maior alta diária em quase três meses, com o sentimento de investidores abalado por intenso nervosismo no mercado de juros futuros diante de maior desconfiança em relação à postura do Banco Central num contexto de fiscal deteriorado
O dólar à vista fechou em alta de 2,77%, a 5,3767 reais na venda –maior valorização diária desde 24 de junho (+3,33%). O real teve, de longe, o pior desempenho global nesta sessão. O dólar acumulou na semana alta de 0,82%. Até a véspera, registrava queda de 1,90%. Com isso, a moeda reduziu a baixa em setembro para 1,90% e elevou os ganhos no ano a 33,99%. Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez subia 2,60%, a 5,3770 reais, às 17h03. A aparente trégua no mercado de renda fixa durou pouco. O salto do IGP-M da segunda prévia de setembro divulgada na sexta serviu de combustível para renovadas preocupações sobre inflação. O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) passou a subir 4,57% na segunda prévia de setembro, de 2,34% no mesmo período do mês anterior. A taxa acumulada em 12 meses saltou de 12,58% para 18,20%. Neste pregão, o Banco Central limitou-se a realizar leilão de rolagem de linhas de dólares com compromisso de recompra, colocando todo o lote de 4,15 bilhões de dólares ofertado. Em sua orientação futura, o Copom explicitou que não pretende elevar os juros a menos que as expectativas e projeções de inflação estejam suficientemente próximas da meta de 2021 e 2022 ou no caso de o governo abandonar o atual regime fiscal. Muitos no mercado, contudo, avaliam que a ferramenta do “forward guidance” tem suas limitações no Brasil, especialmente num contexto de fragilizada situação fiscal como a de agora. O desconforto geral catapultou as taxas de DI nesta sessão, com vencimento janeiro 2027 chegando a disparar 38 pontos-base na máxima da sessão, indo a 7,39% ao ano, pico desde 22 de maio. O mercado de juros vem de dias sob intenso estresse, devido a crescentes dúvidas sobre a capacidade do Tesouro Nacional de refinanciar a dívida pública diante do forte aumento de gastos para combater os efeitos da pandemia e da percepção de evolução da agenda de reformas muito aquém do necessário.
Leia a notícia na íntegra no Abrafrigo
Fonte:REUTERS