O potencial da Embrapa em apoiar estratégias internacionais de articulação do agro fora do Brasil foi um dos principais pontos defendidos por Celso Moretti, presidente da empresa, nesta segunda-feira, 14 de setembro, durante o segundo encontro de adidos agrícolas brasileiros. Segundo ele, a experiência da instituição e seus pesquisadores ao longo de quase cinco décadas pode contribuir com a coordenação e o fornecimento de informação qualificada em negociações e fóruns, além de favorecer a aproximação em cenários de cooperação estrangeira. “A Embrapa tem expertise para isso”, disse.
Acompanhado virtualmente por mais de vinte adidos e representantes da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) no exterior, Moretti falou sobre a agenda internacional da Embrapa, o relacionamento com 43 países, 120 instituições de pesquisa e os 154 projetos atualmente desenvolvidos em cooperação. Presentes ao encontro: ministros Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores (MRE), deputado Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e Sérgio Segovia, presidente da Apex-Brasil.
“Temos trabalhado com foco nas relações estratégicas internacionais, nas políticas globais, na cooperação científica e técnica, voltada à inovação e aos negócios”, explicou Moretti. Ele ressaltou a conexão com os ministérios da Agricultura, Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia, além das agências de fomento e fundações de apoio à pesquisa: “Interna e externamente, estamos em constante articulação, por meio da Diretoria Executiva da Empresa e da nossa gerência de relações internacionais, e recebemos inúmeras representações de embaixadas e delegações internacionais interessadas na aproximação e no intercâmbio com a pesquisa agropecuária brasileira”.
O presidente reafirmou a prioridade no fortalecimento da participação de pesquisadores em comitês, grupos de trabalho e fóruns internacionais, como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), a Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). “Também buscamos o alinhamento de projetos internacionais em temas estratégicos da Embrapa, a exemplo da cooperação científica firmada com o Centro Internacional de Agricultura Biossalina (ICBA), dos Emirados Árabes, com o qual temos o interesse comum em desenvolver tecnologias para o aproveitamento de águas ricas em sais”, comentou Celso Moretti.
Sobre os mecanismos de cooperação científica, referiu-se ao esforço desenvolvido nos laboratórios virtuais (Labex) dos Estados Unidos e Europa, coordenados por pesquisadores, responsáveis por articular e participar de chamadas conjuntas de projetos com instituições de pesquisa estrangeiras, e apoiar cientistas visitantes que atuam em estudos em cooperação.
Moretti ressaltou que existe a intenção de retornar com a presença da Embrapa em território africano, porém não mais como ajuda humanitária, mas buscando fortalecer a realização de negócios. Na sua opinião, a África representa uma oportunidade para captação de recursos na agenda internacional da Empresa, que, por sua vez, tem a traído a atenção de governos de vários países, atualmente interessados em reestruturar o sistema de pesquisa agropecuária no país, inspirados no modelo brasileiro.
Foco no continente africano
Para o presidente da Embrapa, existe um grande potencial relacionado à internacionalização das empresas brasileiras. Assim, tem defendido o continente africano como estratégico, por ser o meio do caminho para a China, potencial mercado e parceiro para o Brasil. “Além disso, 60% das terras agricultáveis do mundo estão na África; são 400 milhões de hectares de savana, e o Brasil é o único país do mundo que detém tecnologia para desenvolvimento da agricultura tropical”, justificando a importância de incentivar o setor privado brasileiro a ocupar espaços no cenário comercial do continente. “A Embrapa é um ponto chave para apoiar esse processo”.
Aos adidos agrícolas brasileiros que acompanharam ao evento, o presidente deu o recado: “Demandem a Embrapa, demandem informações”. Segundo ele, a Empresa trabalha para prover soluções para os problemas da agricultura e que é importante lançar mão desse conhecimento para disseminar possibilidades de acordos, parcerias, cooperações e a abertura de novos mercados para o setor privado nacional.
O presidente da Embrapa destacou ainda o alinhamento da Embrapa com a Apex-Brasil e citou os acordos assinados em julho deste ano com o objetivo de contribuir com o fortalecimento da agropecuária brasileira. “Há um esforço conjunto para aumentar a competitividade do setor e sua capacidade de inserção nas cadeias globais de valor, ampliar a promoção internacional e também a captação de investimentos estrangeiros”, disse. Celso Moretti participou de missões coordenadas pela Apex-Brasil que geraram novas oportunidades para a ciência brasileira.
Reforço na atuação internacional
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que a agropecuária brasileira precisa ser tratada de forma integrada e o ministério está trabalhando para reforçar o foco em abastecimento, comércio internacional, questões fundiárias e no fomento florestal, em benefício dos pequenos, médios e grandes produtores. “E para isso tem sido fundamental a aproximação com o Ministério das Relações Exteriores e a Apex. É necessário lidar com a diplomacia do agronegócio”, disse ela.
Sobre a atuação dos adidos no exterior, chamou a atenção para a importância de trazerem soluções. A ministra anunciou a criação de mais três cargos de adidos a partir deste ano na França (Paris), na Alemanha (Berlim) e na Austrália (Camberra), países escolhidos por sediarem a Organização Mundial da Saúde Animal e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Referindo-se ao potencial do agro brasileiro, Tereza Cristina disse que o País tem capacidade de expandir a oferta de alimentos de forma sustentável e deverá ser capaz de atender a demanda global produzindo 40% a mais até 2050. “Isso, investindo em produtividade, para produzir mais com menos terra, combinando pesquisa, tecnologia e políticas de incentivo”. Ela chamou a atenção para o sucesso da pesquisa da Embrapa relacionada ao trigo em território cearense: “Com alta tecnologia, superando as lavouras do sul, precisamos estar antenados com as novas tecnologias para vários produtos”, concluiu.
Durante o segundo encontro de adidos agrícolas, foram assinados dois acordos de cooperação entre o Ministério da Agricultura e a Apex-Brasil, voltados ao fortalecimento e unificação da agenda de promoção internacional, a inserção de novas empresas no mercado internacional, atração de investimentos estrangeiros e incentivo ao empreendedorismo.
Fonte: Embrapa