O dólar fechou em alta ante o real na quinta-feira, com a moeda ganhando tração especialmente durante a tarde conforme os mercados de risco no exterior pioraram o sinal
Desconforto do lado doméstico também pesou, com incertezas sobre a política fiscal ainda dando o tom depois de o Tesouro Nacional ter realizado o maior leilão de prefixados já registrado (por métrica de risco de mercado) e ainda ter feito colocação parcial, o que pressionou a curva de juros e fez as taxas longas dispararem. O dólar à vista subiu 0,38%, a 5,3200 reais na venda. A moeda oscilou entre queda de 0,57%, a 5,2699 reais na venda, por volta de 11h, e alta de 0,47%, para 5,325 reais, a caminho do fechamento do pregão no mercado à vista. Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,16%, a 5,3195 reais, às 17h08. O índice do dólar frente a uma cesta de moedas chegou ao fim da tarde em alta de 0,13%, depois de cair 0,6% na mínima da sessão. O comentário nas mesas é que, de forma geral, os mercados estão entrando num período de maior incerteza, de olho na eleição presidencial dos EUA e na falta de acordo para um novo pacote de estímulo no país, num cenário de correção de excessos no setor de tecnologia e de dúvidas sobre os impactos da pandemia de coronavírus ainda em curso. No Brasil, alta recente de preços de alguns produtos, como alimentos; postura do governo de “fiscalizar” supermercados sobre essas elevações; percepção de um enfraquecido Ministro da Economia, Paulo Guedes, e receios sobre a capacidade de financiamento do Tesouro Nacional têm se somado ao viés externo mais cauteloso. “Leilão gigante (de prefixados), Tesouro não colocou tudo. O recado está dado”, disse um profissional de uma gestora, referindo-se à oferta de 44,5 milhões de títulos públicos, entre LTN e NTN-F, realizada pelo Tesouro na quinta, que teve colocação de 93%, com a percepção de dificuldade do Tesouro de atrair compradores de papéis. O DI janeiro 2025 chegou ao fim da tarde em disparada, perto de 20 pontos-base, ampliando ainda mais a inclinação ante os trechos curtos, o que representa um encarecimento de crédito ao setor produtivo que arrisca prejudicar o ritmo de recuperação econômica diante de um quadro fiscal já frágil. O banco UBS entende que “crescentes” riscos fiscais e saídas de recursos em carteira têm tido importante peso na magnitude da depreciação do real em 2020, de 24,57%, a mais forte entre as principais moedas.
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Fonte: REUTERS