Por Carla Mendes
A colheita da segunda safra de milho continua avançando no Brasil, no entanto, ainda assim os preços se mantêm sustentados no mercado nacional. Segundo os pesquisadores do Cepea, os pilares de suporte para as cotações se dão com os vendedores ainda bastante retraídos e com a demanda forte.
Além do consumo interno puxando muito grão em função do momento forte das proteínas animais e da safrinha já carregando um elevado percentual de comercialização, as exportações vêm confirmando o melhor momento que era esperado para o segundo semestre favorecem ainda mais o andamento dos preços.
São referências pedidas pelo vendedor que ainda variam entre R$ 38,00 e R$ 55,00 por saca, a depender a da região e do cenário local de oferta e demanda. Base porto, referência Santos/SP, o indicativo sobe e alcança os R$ 53,00/saca, enquanto o indicador Cepea encerrou a segunda-feira com alta de 0,98% para R$ 51,29. Na B3, o mercado futuro brasileiro, os ganhos deste in[iico de semana passaram de 3%.
Dados apresentados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que na última semana mais de 1,4 milhão de toneladas foram embarcadas pelo Brasil, o que eleva o total no mês de julho a superar 4,1 milhões de toneladas. O montante ainda é menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, mas já sinaliza a importante melhora nos números e no ritmo.
Ao lado de seus fundamentos, o mercado do milho ainda encontra sustentação no dólar alto. Neste início de semana, a moeda americana chegou a subir mais de 3% durante o pregão, terminando o dia com alta de 1,83% e voltando aos R$ 5,31.
O Brasil vem ampliando suas exportações, porém, ainda luta para ganhar uma participação maior no mercado internacional. Uma safra cheia vinda dos EUA – perto de 400 milhões de toneladas – e um menor consumo doméstico de milho nos EUA nesta safra ampliam a oferta americana no mercado, o que poderia aumentar sua concorrência e competitividade frente ao grão brasileiro.
Dessa forma, o analista de mercado e diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, explica que o mercado brasileiro de milho continua em um bom momento e formando preços importantes e remuneradores para os produtores nacionais. Porém, faz um alerta sobre o momento ser passageiro.
“O mercado do milho está dando ainda várias oportunidades de trava tanto para quem já está colhendo o milho e para quem o produto está disponível, quanto para quem ainda vai colher e tem oferta futura. Essas ofertas devem ser olhadas com bastante atenção porque este mercado, na nossa visão, não tem um cenário tão sustentado, tão promissor para o final do ano. Vivemos, nesse exato momento, um momento sazonal de exportações e depois tendem a recuar agressivamente”, explica Pereira.
Depois de alcançarem um pico, as vendas externas, na análise da ARC, tendem a se desacelerar, acompanhando um comportamento sazonal. “Somado a isso, nessas próximas duas a três semanas, temos a plena disponibilidade da safrinha do Brasil, juntamente com uma safra gigantesca dos EUA”, completa.
Carla Mendes é coordenadora de jornalismo do Cenário Rural, editora chefe do Notícias Agrícolas e especializada em agronegócio, com foco no complexo soja.
