Brasil exporta mais em abril que em todo o mesmo mês do ano anterior, mas valores pagos ao produtor caem e incertezas pairam sobre o segundo semestre.
Boom nas Exportações, Queda na Rentabilidade
Nos primeiros nove dias de abril de 2025, o Brasil exportou 854,6 mil toneladas de milho, superando todo o volume embarcado no mês de abril de 2024. A receita já chega a US$ 31,9 milhões, impulsionada pela demanda asiática. No entanto, o preço médio por tonelada caiu 26,1% frente ao mesmo período do ano anterior, sinalizando margens apertadas para exportadores e produtores.
Segundo o Cepea, a cotação do milho no mercado físico nacional caiu 3,51% na primeira semana de abril. A retração da demanda interna, principalmente por parte da indústria de ração e etanol, tem contribuído para esse cenário. Em Campinas (SP), a saca foi negociada a R$ 58,30 em média, contra R$ 63 em março.
Plantio e Clima sob Observação
Com a colheita da soja chegando ao fim, o plantio da segunda safra de milho foi finalizado nas principais regiões do Centro-Oeste. Apesar disso, há preocupação com o desenvolvimento das lavouras em áreas plantadas fora da janela ideal, como em Goiás, Mato Grosso do Sul e sul do Tocantins. A previsão climática aponta possibilidade de estiagens em maio, o que pode afetar a produtividade.
Perspectivas para o Segundo Semestre
A Conab estima que a produção total de milho no Brasil em 2025 ficará em torno de 117 milhões de toneladas, um recuo de 5% em relação a 2024. A tendência é de que o mercado siga pressionado até julho, com possível recuperação moderada no segundo semestre, caso haja quebra de safra nos EUA ou melhora na demanda global.
O milho vive uma fase de grande fluxo, mas sem rentabilidade proporcional. Produtores devem monitorar o mercado futuro, negociar com base em contratos escalonados e buscar eficiência logística para preservar margens.
Fontes: Conab, Cepea, Secex, Notícias Agrícolas, Canal Rural, Bloomberg Agro