Com inflação acumulada de 77% em um ano, mercado de café enfrenta cenário de escassez, tarifas e pressão global por abastecimento.
Crise de Oferta: Brasil, Vietnã e Colômbia com Produções Abaixo do Esperado
A quebra de safra no Vietnã, o atraso nas chuvas no Brasil e a baixa aplicação de insumos na Colômbia geraram um cenário de oferta limitada nos principais países produtores de café. Em Minas Gerais, o volume colhido até abril ficou 18% abaixo do estimado. A Conab revisou para baixo as projeções de colheita para 2025, com previsão de 53,4 milhões de sacas, ante 58 milhões no início do ano.
O café moído acumula alta de 77% no país, segundo o IBGE. Nas capitais, como Goiânia e BH, o aumento supera 100% nos últimos 12 meses. O preço da saca do café arábica tipo 6 ultrapassou R$ 1.280, com projeções de curto prazo indicando possível pico de R$ 1.350, caso não haja recuperação da oferta no 2º semestre.
Tarifas e Conflitos Comerciais Agravam Custos Globais
Com as tarifas dos EUA sobre produtos importados, o café — que tem mais de 99% de seu volume consumido importado nos Estados Unidos — deve sofrer novo reajuste nos supermercados. A demanda global, puxada por Europa e América do Norte, continuará pressionando os estoques até a entrada da nova safra brasileira em junho.
Apesar da liderança no mercado global, o Brasil lida com dificuldades logísticas, elevação do dólar e custo crescente de insumos. Cooperativas e exportadoras pressionam o governo por estímulos ao frete ferroviário e renegociação de dívidas rurais.
O Café Torna-se Ativo Estratégico Global — Mas Risco é de Saturação de Preço
O café atravessa um momento de valorização histórica, mas o pico de preços pode limitar consumo em mercados sensíveis. A estratégia será investir em qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade para manter competitividade.
Fontes: Conab, IBGE, Cepea, USDA, Bloomberg, Valor Econômico, CNC (Conselho Nacional do Café)