Conflito econômico entre as duas maiores potências do mundo alcança novo ápice e ameaça estabilidade dos mercados e cadeias produtivas internacionais.
Na última quarta-feira (9), os Estados Unidos oficializaram a aplicação de uma tarifa extra de 50% sobre todos os produtos importados da China. A medida soma-se aos 54% já existentes, elevando a carga total para 104%. Segundo o presidente Donald Trump, trata-se de uma resposta “dura, mas necessária” para conter o que considera práticas comerciais desleais e roubo de propriedade intelectual por parte de Pequim.
China Revida com Tarifas de até 125%
Em retaliação, o Ministério do Comércio chinês anunciou a aplicação imediata de tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos, incluindo carne bovina, milho, semicondutores e produtos farmacêuticos. Pequim classificou a decisão dos EUA como uma “provocação estratégica” e afirmou que “lutará até o fim” caso Washington insista na escalada do confronto.
Mercado Global Reage com Volatilidade
A reação nos mercados financeiros foi rápida e intensa. Bolsas na Ásia, Europa e América do Norte registraram quedas expressivas. As ações de empresas exportadoras e multinacionais foram as mais afetadas. As commodities, especialmente soja, petróleo e cobre, também sofreram perdas relevantes, refletindo os temores de uma desaceleração no comércio global.
Analistas Veem Risco de Crise Sistêmica
Economistas de instituições como FMI, OCDE e Banco Mundial alertam que o atual estágio da guerra comercial já ameaça comprometer o crescimento global. A fragmentação das cadeias produtivas, o aumento do custo de produção e o clima de incerteza podem derrubar o PIB mundial em até 1,5% nos próximos 12 meses, segundo estimativas conservadoras.
Para o Brasil, a crise representa tanto ameaça quanto oportunidade. O país pode ganhar mercado em setores como agro e mineração, substituindo exportações americanas ou chinesas. Por outro lado, a instabilidade cambial, a queda de preços e o aumento da aversão ao risco internacional pressionam a economia e o agronegócio.
Nova Era de Conflito Comercial
Com tarifas superiores a 100% e retaliações cruzadas, a disputa entre EUA e China ultrapassa o campo econômico e assume contornos geopolíticos. O mundo se vê diante de uma ruptura nas bases da globalização que prevaleceu nas últimas três décadas. A guerra comercial de 2025 pode ser o início de uma nova arquitetura econômica internacional — menos integrada, mais conflituosa.
Fontes: Ministério do Comércio da China, Departamento do Tesouro dos EUA, FMI, Bloomberg, Reuters, South China Morning Post, Valor Econômico