A economia mundial segue um ritmo de crescimento moderado em 2024, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetando uma expansão global de 3,2% tanto para este ano quanto para 2025. Essa previsão reflete uma desaceleração em várias economias emergentes e uma estabilidade moderada em países desenvolvidos. Contudo, a pergunta que paira sobre economistas e analistas é: até que ponto esse crescimento é realmente sustentável e quais são os riscos que ele traz?
Desafios nos Países Emergentes: A Crise da China e Outros Setores
Um dos maiores sinais de alerta vem da China, a segunda maior economia do mundo, que enfrenta uma série de desafios internos. A expectativa de crescimento de 4,8% para 2024 e 4,5% para 2025 está bem abaixo dos padrões do país nas últimas duas décadas. Analistas indicam que o país precisa urgentemente estimular a demanda interna e desenvolver uma rede de proteção social mais robusta para que seus cidadãos sintam segurança em consumir, em vez de manter alta poupança. No entanto, com o ritmo mais lento da economia chinesa, existe a preocupação de que o impacto negativo se estenda a outras economias que dependem fortemente da China como parceira comercial.
Em outros mercados emergentes, como México e Rússia, a economia também enfrenta dificuldades. Para o México, a forte dependência dos Estados Unidos como principal parceiro comercial o torna vulnerável a qualquer ajuste econômico que ocorra ao norte da fronteira, principalmente diante das possíveis políticas protecionistas dos EUA após a reeleição de Donald Trump.
Estados Unidos: O Desafio de Manter o Equilíbrio sem Cair na Recessão
Nos Estados Unidos, o FMI prevê um crescimento de 2,8% em 2024 e uma leve desaceleração para 2,2% em 2025. Economistas vêm apontando que o país tenta um “pouso suave” — ou seja, uma desaceleração controlada que consiga segurar a inflação sem provocar uma recessão. Contudo, a efetividade dessa estratégia é incerta. O mercado de trabalho americano segue aquecido, mas o aumento de juros pelo Federal Reserve já impacta setores importantes, como o imobiliário, e eleva a pressão sobre as empresas que dependem de crédito.
Há também preocupações em torno de como a economia americana responderá às novas políticas de Trump, caso ele implemente novas tarifas e barreiras comerciais, especialmente sobre economias emergentes que têm uma dependência crítica dos Estados Unidos. Enquanto isso, a inflação, embora contida, continua sendo uma ameaça, e alguns especialistas alertam que os esforços do governo americano podem não ser suficientes para evitar uma eventual recessão.
América Latina e o Crescimento Modesto: O Caso do Brasil
Para a América Latina e o Caribe, as previsões do FMI indicam uma desaceleração contínua, com crescimento de 2,1% em 2024, seguido de uma leve recuperação para 2,5% em 2025. Essa projeção modesta acende um sinal de alerta para países como o Brasil, cuja economia continua a apresentar resiliência apesar das adversidades. O crescimento do Brasil, estimado em 3% para 2024, é sustentado em grande parte pelo agronegócio e pela alta nas exportações de commodities.
Entretanto, o Brasil ainda precisa lidar com desafios internos significativos, como a dependência de mercados específicos e a necessidade de melhorias em infraestrutura. O próprio FMI ressalta a importância de o país diversificar suas exportações e fortalecer o setor industrial, que ainda está aquém de seu potencial. Além disso, com a situação global instável, há o risco de que o Brasil sinta os efeitos das oscilações nas economias de seus principais parceiros comerciais.
Um Olhar Crítico: Estamos Realmente Preparados?
Embora as previsões do FMI sejam menos pessimistas que as de alguns analistas, a aparente estabilidade esconde um cenário repleto de incertezas. A dependência de políticas fiscais e monetárias, tanto em países desenvolvidos quanto em emergentes, indica que a economia mundial caminha em uma linha tênue entre a recuperação e a estagnação. Ao mesmo tempo, a fragilidade do mercado global, influenciada por tensões geopolíticas e um clima de protecionismo crescente, aumenta a preocupação de que um simples ajuste inesperado pode desencadear uma crise.
Nesse contexto, é necessário questionar se as medidas adotadas pelos governos são suficientemente robustas para sustentar um crescimento de longo prazo. Sem investimentos sólidos em infraestrutura, inovação e sustentabilidade, a economia global pode estar apenas adiando uma crise mais profunda.
Fontes: UOL