A pecuária de baixo carbono está ganhando cada vez mais espaço no Brasil, com o setor investindo em práticas sustentáveis para conciliar a produção de carne bovina com a preservação ambiental. Com a crescente demanda global por alimentos sustentáveis e a pressão para reduzir as emissões de carbono, o Brasil tem implementado projetos que aliam produtividade e proteção do meio ambiente, posicionando o país como líder nessa tendência.
Uma das principais iniciativas no Brasil é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que combina pastagem, produção agrícola e florestas em um mesmo espaço. Essa prática ajuda a restaurar áreas degradadas, melhorar a qualidade do solo e aumentar a captura de carbono pela vegetação, contribuindo significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa. O uso de árvores nas áreas de pastagem também melhora o bem-estar animal, oferecendo sombra e um microclima mais ameno, o que se traduz em ganhos de produtividade e eficiência.
Além disso, a recuperação de pastagens degradadas é outro elemento chave na pecuária de baixo carbono. O Brasil tem cerca de 100 milhões de hectares de pastagens que podem ser recuperadas. Ao restaurar essas áreas, os produtores conseguem aumentar a capacidade de suporte dos rebanhos, ou seja, podem criar mais animais em uma área menor, sem necessidade de desmatamento. Essa prática não só reduz a pressão por novas áreas de pastagem, mas também contribui para a fixação de carbono no solo, tornando-o mais fértil e produtivo.
O Plano ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono), lançado pelo governo brasileiro, é um dos principais mecanismos de incentivo a essas práticas. Com metas ambiciosas para o período de 2020 a 2030, o plano visa reduzir as emissões de carbono na agropecuária em até 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente. Para isso, incentiva o uso de tecnologias como o plantio direto, que reduz a necessidade de preparo do solo, a recuperação de pastagens e a integração lavoura-pecuária-floresta.
Empresas do setor, como grandes frigoríficos e cooperativas, estão investindo fortemente na sustentabilidade para atender às exigências de mercados internacionais, especialmente da Europa, que impõem cada vez mais barreiras ambientais para a importação de carne bovina. Essas empresas estão adotando sistemas de rastreabilidade, que monitoram desde o nascimento do animal até a sua chegada ao consumidor final, garantindo que a carne não esteja associada ao desmatamento ou a práticas insustentáveis.
Essas práticas estão sendo amplamente adotadas em várias regiões do Brasil, como no Mato Grosso e no Pará, que são grandes polos da pecuária bovina. Além dos benefícios ambientais, a adoção da pecuária de baixo carbono também tem mostrado vantagens econômicas. Os produtores que adotam essas práticas têm acesso a linhas de crédito com juros mais baixos, como as oferecidas pelo Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A pecuária de baixo carbono também responde à crescente demanda por carne certificada, um produto que garante ao consumidor que a produção seguiu rigorosos critérios ambientais e de bem-estar animal. No mercado europeu, essa certificação é vista como um diferencial competitivo, o que tem ajudado os produtores brasileiros a se destacarem em um mercado cada vez mais exigente.
Embora os desafios para a implementação em larga escala ainda existam, como a necessidade de capacitação técnica e o investimento inicial mais elevado, a tendência é que a pecuária de baixo carbono se expanda nos próximos anos, transformando o Brasil em um exemplo global de sustentabilidade no setor agropecuário. Essa iniciativa não só protege o meio ambiente, mas também fortalece a posição do Brasil como um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo.
Fontes: BeefPoint, Canal Rural, Notícias Agrícolas