Quem circula pela BR-163 ouve falar, com frequência, sobre a duplicação da rodovia e a chegada da Ferrogrão, ferrovia que pretende ligar os Estados de Mato Grosso e do Pará. Nas rodas de conversa entre os caminhoneiros, a constatação é de que o progresso virá, seja por asfalto ou ferrovia.
A realidade está mais favorável, no curto prazo, às novas pistas da BR-163, principalmente no trecho sob administração da concessionária Nova Rota do Oeste, entre os municípios Itiquira (MT) e Sinop (MT). Ednilson Silva da Cruz, o Gaúcho, e Raimundo Gonçalves Borges, conhecido por Maraúcho — mistura de maranhense com gaúcho —, passaram pelo trecho, com destino a Miritituba (PA), onde descarregaram soja no terminal da Cianport.
Há três anos, Gaúcho faz este trecho Sinop-Miritituba com lotação no caminhão nove eixos. Ele conta que a expansão dos grãos no Arco Norte está gerando muito trabalho para os caminhoneiros e a rota para o Pará é o que mais compensa atualmente.
“Não dá mais para trabalhar para os lados de Rondonópolis. É tudo travado, não comporta novas cargas, chegou no limite. Aqui é o futuro, a gente vê a mudança da pecuária para os grãos, os novos silos, as empresas de fertilizantes chegando”, afirma.
Não por acaso, a BR-163 é conhecida como a “Rodovia da Morte”. Sem duplicação, iluminação noturna, postos de parada e curvas sinuosas em muitos trechos, viver na boleia por esta estrada é risco constante. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) referentes ao primeiro semestre de 2024 mostram 400 acidentes na via, aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado.
Um dos motivos é a redução repentina de velocidade, segundo a avaliação dos caminhoneiros. “Você vem a 100 quilômetros, daí aparece uma placa de 60 km/hora, outra de 40 km/hora, numa diferença de 20 metros, e o radar. Levando 74 mil quilos na carreta, ou você diminui e causa um acidente, ou passa do radar e perde a carteira por estourar os pontos”, relata Ednilson da Cruz, o Gaúcho.
A expectativa é de uma definição sobre possíveis intervenções até o município de Guarantã do Norte, ainda em Mato Grosso. “Com otimismo, teremos uma sinalização do TCU em 2024. Para 2025, expectativa é de avanço do projeto e a licença ambiental para obras iniciarem em 2026”, projeta.