O dólar fechou em alta na sexta-feira, chegando a superar 5,50 reais, puxado pela combinação de ambiente externo avesso a risco e ajustes na comunicação do Banco Central
O dólar subiu 0,77%, a 5,4786 reais na venda. A moeda oscilou entre 5,507 reais (+1,30%) e 5,4222 reais (-0,26%). Em janeiro, a moeda saltou 5,53%, maior alta mensal desde março de 2020 (+15,92%), no estouro da pandemia de Covid-19. A valorização ocorreu após dois meses seguidos de perdas: de 2,90% em dezembro e 6,82% em novembro. A fraqueza da divisa brasileira está associada, entre outros motivos, aos juros baixos, que deixam a moeda mais vulnerável a apostas de venda, num contexto de ampla incerteza sobre os rumos da política fiscal. O mercado considerou que declarações feitas na quinta pelo Diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, e pelo Presidente do BC, Roberto Campos Neto, esfriaram apostas em alta breve dos juros, o que acabou golpeando o real já na quinta e também nesta sexta. O dólar despencou 2,7% na terça-feira, quando a ata do Copom indicou um BC mais disposto a elevar a Selic. Nesta sexta, dados mostraram explosão do déficit primário em 2020 e dívida pública em um recorde perto de 90% do PIB. “Diante da perspectiva de menor crescimento e das incertezas fiscais, o real deve se manter pressionado neste início de ano”, disse o Bradesco em nota na qual rebaixou a perspectiva de expansão do PIB neste ano de 3,9% para 3,6%, citando o agravamento da pandemia. “Enquanto não for descartada a hipótese de um estímulo fiscal amplo em 2021, a moeda tende a se manter bastante descolada dos pares”, afirmou o banco privado, considerando, “por ora”, cenário-base em que a regra do teto será mantida e eventuais estímulos não comprometerão de maneira relevante a trajetória esperada para a dívida pública.
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