A Rede Zarc Embrapa e o Departamento de Gestão de Riscos Agropecuários da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Deger/SPA/Mapa) promoveram, na última semana, via conferência web, três reuniões técnicas virtuais de validação dos estudos de zoneamento agrícola de risco climático (Zarc) da cultura dos citros, contemplando todo o território nacional. A primeira foi no dia 13 e reuniu técnicos e especialistas da região Norte que lidam com essa cadeia produtiva. No dia 14, foi a vez da região Nordeste e, no dia 15, o trabalho voltou-se para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
O pesquisador Mauricio Coelho, coordenador do Zarc Citros Brasil, apresentou os resultados para o processo de validação. Os conhecimentos dos técnicos e especialistas da realidade de campo, pela vivência/convivência, experiência e competência técnica são importantes para atestar a coerência ou não desse estudo técnico que quantifica riscos e impacta os instrumentos de política agrícola, recomendações agronômicas que minimizam riscos e os contratos essenciais para a gestão do risco de crédito e de produção.
“O momento da validação do modelo desenvolvido é muito especial e corresponde à última etapa dos trabalhos, quando se abrem os resultados de risco climático em escala municipal para discussões entre os principais produtores, empresas agrícolas, instituições de pesquisa e extensão e as diretamente envolvidas no crédito agropecuário. Houve participação efetiva dos técnicos em todas as reuniões realizadas, corroborando em grande parte os resultados apresentados”, afirma Coelho. Ele acrescentou que os três encontros foram muito bem-sucedidos e as contribuições apontadas serão trabalhadas nas próximas semanas para formulação da nota técnica final a ser encaminhada para o Mapa, base das portarias do Zarc Citros a serem publicadas para cada estado brasileiro.
Como funciona o Zarc
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é um instrumento de política agrícola para gestão de riscos na agricultura. Para fazer jus ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar as recomendações desse pacote tecnológico.
Segundo Coelho, que está à frente do Zarc de várias culturas no País, um dos aprimoramentos do sistema é a nova forma de se tratar o risco. “O Zarc para fruteiras costumava se basear na aptidão climática da região, que podia ser térmica ou hídrica. Agora, usamos modelos agrometeorológicos e simulamos riscos climáticos relacionados a variáveis importantes para o desenvolvimento da planta, como o déficit de água no solo em fases críticas da cultura. Trabalhamos com esses modelos e, em função da distribuição espacial das variáveis climáticas, calculamos os riscos para o cultivo em nível municipal”, explica.
O estudo do Zarc é publicado em portarias para cada estado considerando cultivo de sequeiro ou irrigado. Para fruteiras perenes, as portarias incluem os riscos para fase de produção, que podem durar vários ciclos anuais, e os riscos para implantação do pomar, viabilizando assim o crédito agrícola nos dois momentos.
Desde 2016, os riscos climáticos estão sendo publicados considerando-se três níveis: 20%, 30% e 40%. “Esta é uma peculiaridade grande para fruteiras, visto que anteriormente havia o indicativo de aptidão climática para o cultivo, como parâmetro para se definir o Zarc”, recorda Coelho.
Fonte: Embrapa