O Brasil detém o maior rebanho comercial do mundo com 214,9 milhões de cabeças de bovinos (IBGE3).
Na mesma linha, o Brasil é o maior exportador de carne bovina, com 1,72 milhão de toneladas exportadas em 2020, volume 9,5% maior comparado ao mesmo período de 2019 (Secex4).
Apesar desses números, o Brasil não é o maior produtor de carne bovina, ficando atrás dos Estados Unidos. Em 2019, o país norte-americano produziu 12,4 milhões de toneladas com um rebanho de 94,4 milhões de cabeças, frente ao Brasil que, no mesmo ano, produziu 10,2 milhões de toneladas de carne bovina com um rebanho mais que duas vezes maior (USDA2).
A partir desses fatos, e da consolidação do brasil como um dos principais produtores de commodities do mundo, exigências impostas pelos países importadores começaram a aparecer.
Ao considerarmos a área de pastagem brasileira (182,4 milhões de hectares) com o rebanho comercial do país, projeta-se que o suporte das nossas pastagens é de, aproximadamente, 1,2 cabeças por hectare, número considerado baixo, ou seja, a produtividade é um dos caminhos para a pecuária brasileira trilhar (Lapig4).
Mas o que isso tem a ver com a sustentabilidade e inseminação artificial?
Genética x IATF x sustentabilidade
A IATF, ou inseminação artificial em tempo fixo, é uma técnica que estimula a atividade ovariana da matriz induzindo a ovulação. Essa técnica veio para complementar a IA (inseminação artificial), que envolve a detecção de cio. Com a IATF é possível evitar problemas comparando-se ao método tradicional, como a detecção falha do cio e a incapacidade de atingir fêmeas em anestro.
Essa técnica tem como principais vantagens o melhoramento genético do rebanho, diminuição do intervalo entre partos e acurácia na prenhez das matrizes enxertadas, prevenção de acidentes com a vaca durante sua cobertura por um touro, tanto para corte quanto para leite, além de diminuir o tempo da estação de monta estabelecida pelo criador.
O melhoramento genético resulta no aumento do peso dos animais e a precocidade a cada nova geração.
A comercialização de sêmen cresceu 30,1% de janeiro a setembro de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, passando de 12,8 milhões para 16,7 milhões de doses (ASBIA1).
Em 2019 o rebanho estava estimado em 73,4 milhões de matrizes, onde 15,9% foram inseminadas, o que significa um expressivo avanço no uso dessa técnica. Em 2002, o Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) estimou que apenas 5,9% do rebanho brasileiro era inseminado artificialmente.
Um ponto que merece atenção é o aumento do peso das carcaças, de janeiro a setembro de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019, em 3,2%. O peso médio de carcaça, considerando todas as categorias para abate, aumentou de 251,3kg para 259,4 kg, indicando uma melhora nos parâmetros de eficiência de produção, dentre eles a genética do rebanho (IBGE³).
Considerações finais
O maior benefício dessa técnica em proveito da sustentabilidade é o aumento da produtividade por área, visto que, com o melhoramento genético das progênies, espera-se um aumento dos pesos dos animais e precocidade, resultando em aumento da produção de carcaça por hectare e em menor tempo, permitindo o aumento de produção por área.
A IATF está sendo cada vez mais difundida entre os pecuaristas brasileiros, sendo uma das técnicas a ser estimulada para a intensificação da pecuária nacional.
Bibliografia consultada
1 Associação Brasileira de Inseminação Artificial
2 Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA, em inglês
3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
4 Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento
5 Secretaria do Comércio Exterior
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Fonte: Scot Consultoria