Os cuidados sanitários, o acerto na nutrição e o ganho de peso na fase inicial de criação das bezerras, compreendida entre o nascimento e a desmama, pode significar uma diferença de até 17% a mais na produção de leite na primeira lactação desses animais. A conclusão faz parte das análises da sétima edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB-7), divulgada hoje (22 de outubro).
“A boa alimentação e a boa saúde também aumentam a taxa de sobrevivência das bezerras e influenciam positivamente a produção de leite ao longo da vida da futura matriz”, diz Heloise Duarte, médica veterinária e CEO da Ideagri. Segundo ela, “todos esses fatores somados refletem na maior lucratividade da operação leiteira, o que aumenta a importância de uma estratégia de incremento de peso para bezerras”.
Os números do IILB são calculados sobre o banco de dados de quase 5.000 fazendas clientes do software Ideagri. Entram no cálculo as que realizam backups regulares das informações de gestão da propriedade. Para o IILB-7, 1.002 fazendas foram classificadas (o maior número até hoje). Para o estudo da relação desenvolvimento x primeira lactação, foram separados dados de fêmeas de primeira lactação do Perfil 1 (genética europeia), com registros de peso ao nascimento e à desmama, desmamadas entre 50 e 100 dias e com pelo menos 10 lactações. Assim, foram avaliadas 5.090 lactações. “Um número sólido para o estudo”, afirma Heloise.
Os dados do IILB-7 mostram que as bezerras avaliadas produzem, em média, 9.291 kg/l em valores corrigidos para 305 dias de produção. Mostraram, ainda, que existe uma faixa de ganho de peso ideal para se obter maior lactação, entre 709g/dia e 1.045g/dia, em que a produção fica acima daquela média, variando entre 9.530 e 9.404 kg de leite. A melhor relação está no ganho de peso entre 911 e 977g/dia, com 9.589 kg de leite. Foi notada a diminuição de produção para bezerras que ganham peso a partir de 1.045g/dia. “A explicação fisiológica provável para esse fenômeno é que os animais podem estar chegando ao parto com condição corporal elevada, o que traz vários transtornos para a produção de leite”, pondera Heloise Duarte.
Já as bezerras que ganham pouco peso produzem menos. “Esse é um fato conhecido, mas conseguimos medir a perda em volume e ela é muito significativa”, ressalta Heloise. Bezerras com ganho de peso abaixo dos 601g/dia perdem progressivamente em produtividade. Na faixa de ganho de peso entre 439g/dia e 505g/dia, a variação é de menos 14%. Para bezerras com ganho de peso abaixo dos 439g/dia, a produção despenca: menos 17% quando comparada à faixa mais produtiva.
“Planejar a criação de bezerras com uma visão a longo prazo é um desafio, especialmente porque as bezerras geram despesas por um longo período até que entrem em produção, mas negligenciar os animais que serão as futuras vacas do rebanho pode comprometer o investimento da operação”, alerta ela.
Índice brasileiro de produtividade do leite melhora lentamente
A sétima edição do IILB teve como base os dados de 1.002 fazendas (rebanhos), responsáveis pela produção conjunta de 3,7 milhões de litros de leite/dia, ou 1,37 bilhão de litros por ano. Considerando o consumo per capita anual no Brasil de 167 litros/ano, esse volume de leite alimenta mais de 8 milhões de brasileiros.
O índice geral (nota média geral ponderada de 12 indicadores de Reprodução, Produção e Recria) para o período de julho/2019 a junho/2020 foi de 4,31 em 10,00 pontos possíveis, o mais alto desde a primeira edição, “Ainda que a nota do IILB 7 tenha sido a maior na série histórica, a oportunidade para evolução é clara, especialmente quando observamos que os 10% dos rebanhos mais bem pontuados obtiveram nota média de 7,02”, afirma Heloise Duarte.
Em comparação com o IILB 3, divulgado em setembro de 2019, que avaliou os mesmos meses do ano anterior (julho/2018 a junho/2019), houve uma leve melhora na nota geral. “Em relação à pontuação geral por região, a maior diferença na comparação dos mesmos períodos, em anos subsequentes (IILB 3 x IILB 7), foi na região Centro Oeste, onde a pontuação evoluiu de 3,50 para 4,35”, afirma Heloise.
Fonte:IILB