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Mapa identifica presença de fungos, bactérias e ácaro em pacotes de sementes não solicitados

Entrevista à imprensa sobre sementes não solicitadas. Da esquerda para direita: José Luís Vargas (diretor de Serviços Técnicos), José Guilherme Leal (secretário de Defesa Agropecuária) e Carlos Goulart (diretor de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas)

 

A Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), informou nesta terça-feira (6) que foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de pragas quarentenárias (que não existem no Brasil) em pacotes de sementes não solicitados que chegaram ao país e foram encaminhados ao Ministério.

Após análises laboratoriais, foi identificada a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de pragas quarentenárias em quatro amostras (como plantas daninhas). Toda a análise é feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás, que é referência no país. Até o momento, foram confirmados 258 pacotes de sementes não solicitados em 24 estados e no Distrito Federal. Os únicos estados que ainda não registraram o recebimento do material foram Maranhão e Amazonas. A expectativa é que em 30 dias haja um detalhamento maior desses resultados.

>> Veja aqui os pacotes recebidos por Unidade da Federação

Em entrevista coletiva virtual nesta terça-feira (6), o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, destacou que o material não tem certificação, por isso está sendo feita uma “pesquisa do zero” para identificar os micro-organismos presentes nas sementes. Ele ressaltou que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no país.

Os pacotes supostamente foram enviados de quatro países da Ásia.

Alertas e orientações

As pessoas que receberem os pacotes devem encaminhá-los a uma unidade do Mapa ou entidade estadual de agricultura, sem medo de ser penalizado. O secretário alerta que o material não deve ser manuseado.

“O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, disse na coletiva de imprensa.

O secretário reforçou a importância de a população não abrir os pacotes nem manusear as sementes. “Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus”, disse Leal. Além disso, as sementes podem ter sido tratadas com algum elemento químico ou ser um produto tóxico, por isso não devem ser manuseadas pelas pessoas, plantadas ou descartadas no lixo (para evitar uma possível germinação).

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, disse que as sementes são os insumos que mais têm carga regulatória no mundo, porque o risco iminente é o mais alto que existe. Segundo ele, o recebimento desse material não solicitado nessa quantidade é inédito no mundo. “Essa importação de material, solicitado ou não sem a certificação, sempre foi proibida no Brasil e no mundo. O que chamou a atenção foram usuários terem recebido os pacotes sem terem sido solicitados”.

O secretário e o diretor pedem ainda que as pessoas não descartem a embalagem original dos pacotes. As informações contidas na embalagem são fundamentais para rastrear a origem do material.

Apreensões

Do ano passado para este ano, houve um aumento de cerca de 150% (passando de 2 mil por mês para 5 mil por mês) no número de apreensões desse tipo de material na central de distribuições dos Correios em Curitiba, onde é centralizada a inspeção de pacotes de menor peso (até 2 kg). O diretor do Departamento de Serviços Técnicos, José Luís Vargas, explicou que todos os pacotes passam por escaneamento e também pelo cão farejador Thor, treinado no centro de detecção do Mapa. Quando identificada alguma suspeita, o material é encaminhado para o Ministério da Agricultura.

“O risco é desconhecido, então o alerta é máximo. Quando fazemos viagens internacionais também não devemos trazer esses produtos. Isso coloca nossa agropecuária em risco, todo o nosso bioma, pois não sabemos o potencial de danos desse material ao Brasil”, ressaltou Vargas.

No primeiro semestre deste ano, a fiscalização interceptou 33.734 caixas ou envelopes contendo partes de vegetais (folha, flores e caules), material de propagação vegetal (mudas, bulbos), produtos vegetais que apresentam risco, sementes e outros na central em Curitiba. Do total, 26.111 foram destruídos, 2.383 foram devolvidos ao local de origem e 5.240 liberados após checagem da documentação.

Divulgação/Mapa

Investigação

Inicialmente, a investigação está sendo feita apenas na esfera administrativa pelo Mapa. Segundo o secretário José Guilherme Leal, após o recolhimento de todas as informações, será feita interação com as autoridades fitossanitárias dos países que supostamente fizeram o envio do material. Caso seja necessário, outros órgãos, como autoridades policiais, poderão ser acionados. Ele informou que “ainda não há elementos para afirmar se é uma ação intencional” para introdução de uma praga no Brasil. 

O diretor Carlos Goulart afirmou que nenhum país relatou ter recebido material proveniente do Brasil.

Fonte: Mapa

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