Cidade de muitos povos e culturas, centro econômico do País, polo da indústria de negócios e empreendedorismo, São Paulo também exerce grande influência no agronegócio. Você sabia que na metrópole estão sediados importantes institutos de pesquisa do segmento? Que em Parelheiros, distrito da zona sul da capital, há mais de 500 unidades de produção agropecuária? Que grandes eventos realizados nos centros hípicos da cidade têm a chancela da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo? Ou que a cidade conta com uma feira de alimentos comercializados diretamente pelos agricultores?
Saiba mais sobre a atuação da Pasta Estadual no município que completa 467 anos no próximo dia 25:
Pesquisa
A cidade de São Paulo abriga algumas unidades de pesquisas importantes da Secretaria, espaços fundamentais na geração e transferência de tecnologia tanto para o agronegócio paulista como para as demais regiões da Federação.
O Instituto Biológico (IB-APTA), com sede na capital, é referência no Brasil e no exterior em pesquisas científicas e tecnológicas relacionadas à sanidade animal, vegetal e suas inter-relações com o meio ambiente. O Instituto é considerado estratégico para que o agro paulista e brasileiro seja competitivo em nível nacional e internacional.
O Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) fica no edifício sede da Pasta, na região central da cidade, e é reconhecido pelas pesquisas e prestação de serviços, levantamentos da produção agropecuária paulista, valor da produção, exportação do agronegócio e mercado de trabalho rural, informações relevantes para a tomada de decisão no setor.
O Instituto de Pesca (IP-APTA), também na capital, é a primeira instituição do Brasil voltada a estudo de ecossistemas aquáticos e à biologia de organismos marinhos e continentais.
Todo esse conjunto de instituições da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) desenvolve trabalhos em prol dos produtores rurais e de toda a cadeia do agro no Estado, o que permite a disponibilidade de produtos de alta qualidade para os paulistanos, restaurantes da capital, além de supermercados, por exemplo.
Setor rural convive e aprende com o maior centro consumidor da América Latina
Nem todos sabem, mas um terço do território paulistano é rural. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, nestas áreas, produtores agrícolas produzem hortaliças, frutas, legumes e plantas ornamentais, parte deles orgânicos ou estão em transição agroecológica. A presença da agricultura no território contribui para minimizar o avanço da urbanização e preservar uma imensa área que guarda florestas nativas e mananciais de água.
Há uma enorme diversidade na área compreendida pela subprefeitura de Parelheiros, onde há também uma Casa da Agricultura Ecológica (CAE-Sul), na qual atuam gestores ambientais e engenheiros agrônomos com a missão de manter a agricultura local e incentivá-la. “É uma área rica em mananciais, duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs), a APA Bororé-Colônia e a APA Capivari-Monos ficam na região, assim como nove aldeias indígenas da etnia Guarani, que também auxiliam na proteção das riquezas naturais”, conta Cristiano Gomes, gestor ambiental da CAE-Sul em Parelheiros.
“Nós incentivamos as famílias, algumas já bem tradicionais de agricultores, a não desistirem da atividade. Para isso, temos feito parcerias para recuperação de áreas, plantio de árvores e de frutíferas, assim como treinamentos em relação à reciclagem do lixo. Também temos acompanhado de perto o movimento de transição agroecológica, pois há um grande mercado ávido por produtos orgânicos. Ao contrário de outros setores que sofreram muito com as restrições impostas pela pandemia, a procura por alimentos orgânicos aumentou, tanto via feiras específicas na cidade quanto via delivery com entrega de cestas de produtos. Eles se reinventaram e procuraram formas de comercialização que devem permanecer no pós-pandemia”, diz Cristiano.
“As Casas da Agricultura visam oferecer assistência técnica e auxílio para a organização dos produtores, incentivar a agroecologia, a geração de renda e a preservação do ambiente local, conscientizando sobre os direitos e interesses coletivos no uso do solo e da água nas hortas urbanas da cidade”, afirma José Antonio Teixeira, responsável pela Divisão de Agricultura da Prefeitura paulista, a qual compreende as duas CAEs e promove apoio a cerca de 700 agricultores paulistas, 600 atendidos pela CAE-Sul e 100 pela CAE-Leste.
Produtores de Parelheiros levam o amor pela terra às novas gerações
O produtor Joaquim dos Santos viu, ao longo do tempo, a cidade crescer ao seu redor. Ele nasceu em uma grande família de agricultores e desde cedo aprendeu a ‘lidar na roça’. Eram em 14 irmãos e a herança que lhe coube, além do amor pela agricultura, foram 7.600 metros quadrados de terra que ele triplicou ao longo do tempo. Hoje a Chácara Santos e os Sítios Santo Expedito, São José e São Pedro somam mais de 20 hectares. “Muitos desistiram, onde só havia agricultores, foram construídas casas, edifícios e, em muitas áreas, as matas voltaram a crescer. Hoje eu respiro o ar mais puro de São Paulo e temos água boa em abundância”, diz o produtor, que é exemplo na região e conhecido por ainda usar seu burrinho de trabalho para arar a terra quando bate a saudade dos velhos tempos.
Há seis anos, resolveu se dedicar à agricultura orgânica, produzindo mandioquinha salsa, açafrão, gengibre, amendoim, batata-doce, abóbora, milho e verduras diversas, que são comercializados pela filha nos finais de semana na feira do Parque da Água Branca.
Eduardo dos Santos Faria e a esposa Kely optaram por viver da agricultura há seis anos. Os finais de semana e férias passados nos sítios da família marcaram sua vida e depois de trabalhar em empresas privadas e na marcenaria da família, percebeu que o que gostava era mesmo da vida na roça. Casado há dois anos, além da salsa, couve, abóbora, alface, morango, escarola, mandioca, quiabo, brócolis, teve a ajuda de Kely que passou a produzir cogumelo shimeji. Os produtos podem ser encontrados no Instagram @eduagricultor e no Facebook fb.com/sitioseudomingos.
Parceria entre Estado e Prefeitura fortalece a produção agrícola
A Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) Regional São Paulo, em parceria com a Divisão de Agricultura, também apoia os agricultores da cidade como um todo, tanto aqueles que estão na área rural do município, em especial em Parelheiros, como os que estão localizados na zona urbana (agricultura urbana e periurbana). “Orientamos quanto à organização social e à produção de alimentos com enfoque na agroecologia; auxiliamos no acesso às políticas públicas, as quais abrem as portas aos agricultores e às suas organizações, tanto no sentido de incrementarem sua infraestrutura produtiva como em melhorar a comercialização, facilitando o acesso a novos canais neste momento tão importante e ao mesmo tempo frágil para o agricultor familiar, que sofre com as oscilações de mercado (oferta e demanda) e a participação de outros players atravessadores”, afirma o diretor da CDRS Regional São Paulo, Hemerson Calgaro.
Segundo o técnico, São Paulo tem um potencial enorme na participação da produção de alimentos, tanto na área rural como também nas áreas urbanas e periurbanas da cidade, onde predomina a produção de hortaliças, frutas, legumes, mas também outros tesouros gastronômicos, como mirtilos e cogumelos. “Esses locais guardam características ímpares. Parelheiros, por exemplo, traz o ambiente rural, a vida simples, natural e que ‘anda mais devagar’ do que na cidade propriamente dita. A região é provida, ainda, de mananciais importantes para o abastecimento da cidade, exigindo dos agricultores que desempenhem um papel fundamental na preservação. Também há o turismo rural em Parelheiros, com diversos atrativos”, diz Calgaro.
“Na área urbana, é possível ver o desafio conquistado por pessoas que produzem em meio aos prédios e ao asfalto, utilizam-se de áreas de concessionárias de energia e habitação, para construírem verdadeiros oásis. São áreas que também atraem pessoas para visitação, além da aquisição para consumo, pois conseguem transmitir a mensagem do agricultor urbano de produzir alimentos e preservar os recursos naturais”, complementa o técnico.
Uma das parcerias da Pasta Estadual com a Prefeitura do município foi firmada recentemente para melhorar o atendimento na capital e todo o Estado, com a ampliação do app Sistema de Assistência Técnica e Extensão Rural e Ambiental (SisRural). Assim, técnicos agrícolas poderão consultar online os dados e aplicar protocolos e ações de melhoria em cada propriedade no município (leia mais).
Defesa Agropecuária
A capital paulista sedia um dos 40 Escritórios de Defesa Agropecuária (EDA) do Estado, com atuação em mais outros 35 municípios da região. Na cidade, há 640 estabelecimentos de produtos de origem vegetal registrados no sistema informatizado de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave), da Secretaria, vinculado à Coordenadoria de Defesa Agropecuária, englobando unidades de consolidação (que realizam a distribuição de frutas e verduras para outras localidades), comerciantes e prestadores de serviços de aplicação de defensivos, entre outros.
Em 2020, foi o município do Estado que mais emitiu Permissões de Trânsito Vegetal (PTVs), totalizando 22.146 documentos emitidos para acompanhar o trânsito da partida de plantas ou produtos vegetais, de acordo com as normas de defesa sanitária vegetal. O objetivo do documento é garantir a conformidade fitossanitária, assegurar a identidade e a origem do produto, dar credibilidade ao processo de rastreabilidade e sustentabilidade ao setor produtivo.
O município conta com 77 estabelecimentos registrados e fiscalizados pelo Serviço de Inspeção de São Paulo (SISP) para a produção de produtos de origem animal (carne, leite, ovos, mel e pescado). A produção média mensal do município em 2020 foi de 1.521 toneladas de produtos e 177.860 dúzias e ovos. No comparativo geral, a produção paulistana em 2020 representou 4,63% da produção do estado (em kg) e 12,53% em dúzia. Todo o volume produzido foi colocado no mercado local ou comercializado nos demais municípios paulistas, com o selo de inspeção estadual dando segurança ao consumidor.
A Coordenadoria atua também no cadastro e fiscalização de eventos de concentração de animais. Na capital, estão localizados três importantes clubes hípicos, o Clube de Campo de São Paulo, a Sociedade Hípica Paulista e o Clube Hípico Santo Amaro, onde são realizados cerca de 100 eventos equestres por ano, sendo alguns eventos internacionais. Esses eventos são responsáveis pelo trânsito de cerca de 14 mil equídeos/ano no município. As ações da Defesa Agropecuária visam assegurar a sanidade dos rebanhos e lavouras de peculiar interesse, não só no município, mas em todo o Estado, evitando a ocorrência ou a disseminação de doenças.
Abastecimento
Na região do Jabaquara, próximo à estação de metrô que leva o mesmo nome, na zona sul da capital, é realizada a Feira Bom Preço do Agricultor, pela Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), da Secretaria.
Todas as quartas-feiras, das 7h às 20h e aos domingos, das 6h às 14h, é possível adquirir no local verduras, legumes, frutas, peixes e outros produtos do agro diretamente do produtor paulista. O espaço recebe, em média, mais de 24 mil pessoas por mês. Aos domingos, são cerca de quatro mil visitantes e às quartas, cerca de dois mil participantes. Durante a pandemia, o movimento se mantém, seguindo todos os protocolos de distanciamento social e a disponibilização de álcool gel em todas as barracas.
Outra ação voltada ao abastecimento e busca promover essa conexão entre todos os agentes da cadeia do agro, é a plataforma Agro SP (http://agrosp.sp.gov.br/), lançada pela Secretaria. De forma muito simples, possibilita aos pequenos produtores aumentarem suas vendas e aos atacadistas e compradores em geral ter uma maior variedade de produtos locais.
Fonte: Gov SP