Por Carla Mendes
As expectativas de que o Brasil teria que importar um volume maior de soja do que o que tradicionalmente importado vem se confirmando mês a mês e, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira (13), o total dos primeiros oito dias de julho foi maior do que o triplo do que o número de todo mesmo mês de 2019.
Entre maio e este início de julho, as importações brasileiras da oleaginosa já superam 178 mil toneladas e mostram a necessidade crescente de produto internamente e de uma oferta cada dia mais ajustada. Afinal, ao lado dos números das importações, a secretaria ainda trouxe os dados das exportações nacionais.
Os embarques do Brasil permanecem bastante intensos e chegam, no acumulado do mês, a 3,9 milhões de toneladas. Em todo o ano, o complexo soja já embarcou quase 78 milhões de toneladas – entre grão, farelo e óleo – contra cerca de 55,5 milhões no mesmo período de 2019. E as exportações aquecidas dos derivados indicam, portanto, que segue também muito aquecida a demanda interna por soja.
Na estimativa de Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, o complexo soja Brasil pode terminar 2020 com as exportações de 95 milhões de toneladas, “e assim, chegaremos ao final do ano sem grão”, diz. O esmagamento é forte e deve ser o maior da história com os setores do biodiesel e farelo de soja – para ração, com força também no setor de proteínas – consumindo muito.
Brandalizze se pauta nos números, mas também na competitividade forte que a soja brasileira tem assumido desde meados de 2018, quando se iniciou a guerra comercial entre China e Estados Unidos, fenômeno que consolidou de vez o Brasil como líder das exportações globais de soja.
Dando ainda mais força ao movimento vieram as questões cambiais – e o dólar já tendo se aproximado dos R$ 6,00 neste intenso 2020 – à demanda crescente por alimentos de todas as naturezas mundo a fora, e a qualidade do produto brasileiro. Assim, uma gestão eficiente para otimizar todo esse potencial, não se esqueça, é mais do que necessária para garantir sua parcela desse momento histórico para a sojicultura brasileira.
Carla Mendes é coordenadora de jornalismo do Cenário Rural, editora chefe do Notícias Agrícolas e especializada em agronegócio, com foco no complexo soja.