28 de Julho, dia do agricultor. Há 160 anos, o imperador D. Pedro II assinava o decreto Nº 1.067, criando a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, chamada atualmente de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Império do Brasil, logo, reconheceu, por vocação o potencial deste lugar.
Considerado o documento de fundação do Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel, escrita ao chegar pelo descobridor em 1500, relatava:
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”.
Em outras palavras, Pero Vaz de Caminha rapidamente percebeu a riqueza que carregava o Brasil antes mesmo de ser conhecido a fundo. E de fato, o que se planta por aqui dá. E o que se viu, nos últimos séculos, foi a dedicação crescente e apaixonante dos agricultores deste país com a terra, com o campo, com a lavoura virar alimento. Energia, combustíveis, fibras. O campo trouxe prosperidade.
Que sorte eu tive de poder chegar até aqui e contar as inúmeras que essa terra tem nos dado desde Caminha!
Assim, escolhi esse 28 de julho de 2020 para dividir com os leitores do nosso Cenário Rural um artigo que escrevi no dia em que comemorei 10 anos de agronegócio, 10 anos de Notícias Agrícolas, em 1º de fevereiro de 2019. Hoje, um ano depois desse artigo, me orgulho de trabalhar para comunicar-me com o setor que mais admiro da nossa economia. Em três veículos de comunicação, nas redes sociais e na vida. Eu me perguntava o que vinha daquele momento em diante. E que grandes surpresas tenho tido até agora!
Ao Notícias Agrícolas, obrigada pelos últimos 10 anos! O que vem agora?
São 10 anos. 10 plantios, 10 colheitas, 10 safras, 10 temporadas. 10 anos, 3650 dias em que tenho dado o melhor de mim para que os profissionais de um dos setores mais importantes da economia brasileira tenham as melhores informações reunidas em um mesmo espaço para que possam tomar boas decisões.
Quando eu cheguei aqui, sem saber de quase nada, só tinha um principal objetivo: construir uma carreira. Agarrei isso e como combustível tive a confiança de grandes profissionais que acreditaram em mim e em um potencial que eu nem sabia que tinha. Olhei pra frente, pra um desconhecido enorme e me joguei sem paraquedas ou tela de proteção.
Eu passei por diversas fases, por três layouts e duas logomarcas. Passei por reestruturações, formei repórteres que hoje me orgulho de terem tomado outros rumos, vi nosso trabalho passar de 8 mil para 200 mil acessos por dia. E aprendi. Como aprendi.
E, acima de todas as coisas, tenho alcançado meu objetivo como comunicadora que é o de ajudar a escrever e registrar a história desse país pelos olhos da agricultura brasileira. Nestes 10 anos, cobri grandes feitos como o nascimento da Frente Parlamentar da Agropecuária, as discussões e a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro, o agravamento das questões ligadas às terras indígenas, o nascimento de novas fronteiras agrícolas.
Trouxe direto do Corn Belt, nos Estados Unidos, as informações de quatro safras de grãos, as visões de produtores norte-americanos, as condições de clima, de produtividade, de estratégia e história de vida de profissionais estando bem longe de casa.
Trouxe, direto da minha baia, a evolução do cultivo e dos preços dos principais produtos negociados no Brasil, a evolução da demanda chinesa por soja, o alcance cada vez mais amplo dos nossos cafés especiais, o movimento da safrinha de milho para se tornar uma verdadeira ‘safrona’, a pecuária amargar momentos políticos e financeiros de extrema dificuldade.
Eu uni política, economia e agronegócio inúmeras vezes. Eu falei de preço, de prazo, de seguro, de clima e de dólar. Falei de yuan, do Brexit, da crise de 2008, da crise na Venezuela, da crise hídrica, da seca no São Francisco. E de sua recuperação.
Falei da morte tantas vezes. De lavouras, dos preços, de políticas ineficientes, de governos e, infelizmente, de grandes nomes que marcaram meus últimos 10 anos. Moacir Micheletto, José Tadashi e Dirceu Gassen foram os que mais me marcaram dada minha proximidade com os três, em momentos específicos, sempre de muito aprendizado.
Falei de como as mulheres conseguiram e têm conseguido ampliar seu papel neste setor. E como eu tive o privilégio de contribuir com esse movimento.
E foi nesses mesmos últimos 10 anos que desenvolvi um dos maiores amores da minha vida. A soja foi a cultura que me veio como um grande presente no início dessa jornada de que tenho tanto orgulho porque foi ela que me abriu todas as portas para as quais tenho gratidão ao olhar. Plantio, desenvolvimento, colheita, comercialização. Preços dos US$ 8,00 aos US$ 18,00 por bushel. Quebras e quebras. Recordes de produtividade. Brasil, EUA, Argentina, China, Paraguai. A guerra comercial. Nossos prêmios recordes, nossas exportações recordes. Nossas dificuldades recordes. Cada segundo de volatilidade na Bolsa de Chicago.
Eu sou muito, mas muito grata a cada dia em que passei produzindo informações sobre esta cultura. Eu jamais pensei me sentir assim diante de uma coisa tão simples.
Assim, podendo olhar com orgulho para tudo o que eu conquistei nesse tempo, agradeço com todo o meu carinho a confiança dos nossos internautas, das minhas fontes e dos amigos que fiz nestes últimos 10 anos. Que possamos fortalecer cada dia mais nossas relações. Elas são a ponte para um Notícias Agrícolas cada vez melhor.
Aos meus gestores – Daniel Olivi e Ana Paula Olivi – muito, mas muito obrigada, por serem tão profissionais e acolhedores. Vocês são incríveis. Meu chefe de redação e maior parceiro de trabalho, Aleksander Horta, é um prazer e um orgulho dividir meus dias com o melhor repórter de agronegócio do país. João Batista Olivi, eu não poderia ter melhor mentor e escola. Obrigada por tudo e por ter me tornado a jornalista que sou hoje e que luto para melhorar todos os dias. Obrigada por me ensinar o valor e o respeito que devemos dar a cada notícia.
Aos meus repórteres, que grandes pessoas são vocês! Obrigada pelo comprometimento, pelo compromisso e parabéns pela dedicação. Isso os levará ainda mais adiante. Obrigada por me permitirem ter uma equipe tão unida e focada.
Aos meus demais colegas de trabalho de cada setor, obrigada por complementarem de maneira magistral nosso trabalho. Sem vocês, as palavras que unimos, as informações que apuramos, de nada seriam. Vocês são sensacionais.
À minha mãe, Eliana, minha melhor e mais crítica leitora, telespectadora e consultora, sem você eu nada seria. Minha evolução e compromisso só foram e são possíveis pelo seu incansável acompanhamento do meu trabalho, pelo amor que desenvolveu junto comigo pelo agronegócio brasileiro, pelas apurações que divide comigo. De você herdei o amor e dom para o jornalismo, para a comunicação. Eu te amo incondicionalmente.
Aos produtores rurais e demais profissionais do campo, não tenho palavras para agradecê-los. Estou ansiosa pelo que vão me ensinar nos próximos 10 anos.
1 comentário em “28 de Julho: O dia do agricultor pelos olhos dessa humilde repórter, por Carla Mendes”
Parabéns! Carla Mendes.
O mérito é todo seu.
Continue trilhando o caminho profissional que escolheu com tanto carinho, da mesma maneira que vem fazendo até agora. Com dedicação, respeito com seus colegas de trabalho, com seus convidados e honestidade em tudo que reporta aos seus leitores.
Feliz dia do Agricultor!