Alta do dólar, instabilidade nas bolsas e retração chinesa pressionam o mercado de café, com impactos diretos na renda do produtor brasileiro.
Cenário Cambial Favorece Exportadores, Mas Eleva Custos
Com a escalada da guerra comercial entre EUA e China, o dólar voltou a disparar frente ao real, elevando o preço internacional do café. Apesar do benefício imediato para exportadores, a alta cambial encarece insumos dolarizados, como fertilizantes e defensivos, corroendo margens de lucro.
As incertezas nos mercados globais derrubaram os preços do café nas bolsas de Nova York e Londres. O contrato maio/25 do café arábica caiu 2,7%, afetando negociações futuras e travando acordos de venda, especialmente para pequenos e médios produtores.
China Reduz Importação e Aumenta Estoques Próprios
O comportamento da China também preocupa. Importadores chineses estão reduzindo compras imediatas e ampliando estoques internos, temendo instabilidades no abastecimento logístico. O Brasil, maior exportador mundial, pode perder espaço para outros fornecedores asiáticos mais próximos.
Para os cafeicultores brasileiros, o momento é de cautela. A recomposição dos estoques internacionais, somada ao aumento da oferta na safra 2025, pressiona os preços, mesmo com o dólar valorizado. Muitos produtores têm evitado fixar preços esperando uma estabilização do cenário.
Alta Cambial é Benefício de Curto Prazo com Riscos de Longo Alcance
Embora o cenário atual beneficie momentaneamente os exportadores de café, os efeitos secundários das tarifas internacionais e da instabilidade econômica global podem comprometer a previsibilidade do setor, que já opera sob pressão por custos elevados e oscilação climática.
Fontes: Cepea/Esalq, CNA, Reuters, Canal Rural, Bloomberg, OIC, Rabobank, Globo Rural