O dólar sofreu na quinta-feira mais uma forte queda ante o real, renovando mínimas em mais de quatro meses em meio a um movimento generalizado de vendas da divisa norte-americana, ditado pela confiança na retomada da economia global em um ambiente de farta liquidez
Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre –que vieram aquém do esperado– nem de longe impediram nova rodada de alívio no câmbio, uma vez que, de toda forma, indicaram que a atividade seguiu em recuperação. O dólar à vista caiu 1,96%, a 5,1394 reais na venda, menor patamar para um fechamento desde 22 de julho passado (5,1143 reais). Na B3, o dólar futuro cedia 1,63%, a 5,1345 reais, às 17h10. O movimento local ocorreu na esteira de mais um dia de queda ampla do dólar no mundo. A moeda norte-americana caía frente a 30 de seus 33 principais pares, exibindo maior fraqueza ante divisas que se beneficiam de demanda por risco. O índice do dólar contra uma cesta de rivais cedia 0,36% no fim da tarde, renovando mínimas em mais de dois anos e meio. “O ‘muralha de dinheiro’ para os mercados emergentes é o maior de todos os tempos e supera os influxos após a crise financeira global em 2010. A China é uma grande diferença, pois agora está atraindo fluxos maciços, ao contrário de 2010, mas fora da China os emergentes também estão vendo uma incrível ‘muralha de dinheiro’”, disse no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Nos primeiros três dias de dezembro, o dólar caiu 3,88% (real valorizou-se 4,03%). Em novembro, a moeda dos EUA perdeu 6,82% –maior baixa mensal desde outubro de 2018 (-7,79%) e a mais forte para meses de novembro desde pelo menos 2002. Alfredo Menezes, sócio na Armor Capital, chama atenção para a sinalização de oferta adicional de liquidez por parte do Banco Central como um elemento a respaldar o desempenho mais forte do real. O BC começou nesta semana a ofertar 16 mil contratos de swap cambial para rolagem do vencimento janeiro, ante lote de 12 mil contratos disponibilizado antes. Se mantiver essa quantia até o fim de dezembro, com colocação integral, o BC terminará negociando pelo menos 9 bilhões de dólares a mais do que o estoque desses papéis a vencer em 4 de janeiro (11,798 bilhões de dólares). As incertezas fiscais ainda prejudicam o cenário para o real, mas a divisa brasileira deve se beneficiar do contexto negativo para o dólar no mundo.
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Fonte: Reuters